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quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Nheengatú

Acordei inteira. Mas, teu nome me achou, enquanto lia uma notícia. Era notícia boa, mas deixou de ser, porque teu nome ali era uma afronta. Ali ou em qualquer lugar, teria sido o mesmo gole seco – como se a boca, cheia de farinha, cansasse de mastigar.

Não consigo mais ser boa. Daquelas que, deseja o bem, o bom, o banquete. Eu desejo é que você desapareça das linhas que leio, das cervejas onde mergulho, das bocas que eu beijo.

Desejo um exorcismo, um julgamento, com decapitação. Nem flores, nem lápide. Que não se tenha onde chorar, nem medida, nem endereço, nem versos.

Desejo o dia em que teu nome seja como todos os outros. Ou pior, o dia em que teu nome, declaradamente, seja uma farsa. Um absurdo qualquer, sem pai, nem mãe. Nem etimologia – nem eco.

E que nesse dia, eu possa, simplesmente, denunciar ao PROCON.
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PS: Essa cafuzice é da madrugada de 11 de dezembro. Ficou esquecida porque não tinha título. Mas, vc acabou de dar. Vc, da Língua Anônima.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Ainda

Sentir tua falta não é o maior dos meus problemas. Nem de longe. De perto, é quase um buraco que se abriu no peito e eu acostumei, passiva. Esse buraco dá até uma cadência, quando pulo pra não cair. Quando esqueço que olhar pode ser o fim, pode ser aquele passo não dado, daquele samba que insiste em tocar.

Eu, que quase não sambo, de medo e respeito. Medo danado que alguém me olhe como você. Que alguém me tome. Daí, vou ter que encher esse buraco de terra e vestígio. Daí, nosso amor vira fóssil, vira a página, vira espetáculo final no circo. Palhaço triste, pipoca murcha. Boca enfim descolada, amor de mal-dizer, de mal-sentir.

Enfim, tua covardia persegue meus dias. E eu, mesmo quando me encontro, me perco. Ainda quando o outro me vê, me escondo. Cheia de vergonha, de ainda ser tão tua.
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PS: Só porque, não pretendia mais tocar nesse assunto. Esse assunto: você.

PSDoido: Acordar no peito dele tem ressignificado meus dias. Acho até que mais uns dois dias desses, vou me arrepender por ter esperado tanto. Mas, isso fica pra outra cena, é outra coisa. É provavelmente, demais.

PS das Meninas: Gabis, Vegas... e a Erika Baduh, e a Lauryn Hill que chegou no final. Meu agradecimento pela cumplicidade... tamo junto! Rsrsrsrsrs

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Sete Saias

Eu poderia colocar a culpa nesse pernilongo, que me perturbou até acordar todos os meus pensamentos – incluindo os que têm a tua cor.

Também poderia atribuir a culpa à bebida. Especialmente aquela última dose, aquele último gole, que chegou quando já era previsto que transbordaríamos.

Outra que bateria no peito essa culpa, orgulhosa, é a minha Lebara, que enquanto eu luto por um pouco de censura ela ri, entregue ao furacão. Valoriza, sabe que a gira e o amor têm que ventar forte pra fazer rodar sua saia e a sua paz. Eu padecendo e ela dançando. Corajosa, tirando meu vestido, enquanto ela, já teria tirado duzentas saias, quiçá as sete de costume. Ciganando a cena e eu – cafuzada. Cafuzida.

Tanta culpa que poderia distribuir. Talvez o clima, a sobreposição dos astros, dos signos, das vidas, dos partidos, dos ímpetos de loucura, dos surtos de confidência, da tua boca em mim, das minhas pernas finalmente, abraçando a cadência dos teus quadris. Então, culpa dos nossos olhos, cheios de denúncia, cheios de segredos, velando o desejo e as premonições.

Mas, quer saber? Eu já sei. A culpa é minha.
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PS: Eu não pretendia mesmo guardar. Escrever e não publicar. Nem me preocupar. É poesia, é loucura. Se você continua procurando a posologia, contra-indicações, mensurações sobre efeitos colaterais ou a cura... melhor sair do blog e ler a bula de algum psicotrópico. E claro, nunca mais me beijar assim, tão completamente.

PS da série “desnecessários”: Da minha coleção de culpas prediletas, suculentas, fundamentais. Mas fica também essa escolha (tão minha quanto a culpa)... se tiro minhas sete saias pra vc, ou se peço, sete vezes, que saia.

sábado, 25 de outubro de 2014

Circunflexo

Eu acho, que não acho o que sinto. De repente porque me tomou de um jeito que é maior do que posso ver, ainda que sinta, inteira. Perdi de propósito, que cócegas são mais possíveis (e passíveis) que essa sensação de pertencimento.

Pé, mão, fios e acordes. De tudo o que amo, ele está norteando, sambando, vacilando. Oscilando tão presente, tão mais dele que meu. Ele venta forte, mas em cada curva me deixa um sinal, um sorriso, um olhar que aprova - e desaprova meus passos.

Desaprovando, me ama mais. Que se fosse previsível, ele não ia ter peito de querer. Quer assim, desavisado, descompensado, descomplicado. Mas, descomplicar era o plano que perdemos, lá atrás.

Ficou n’algum canto, com algum outro segredo que esquecemos. Com algum outro desejo infantil, tão sublime quanto desnecessário.

Necessário mesmo era tê-lo. Necessário mesmo era ser, ao lado dele, tão eu.

Perigosa e exageradamente, eu.

Sem essa de sua, de dele, de nós. Que o perigo mesmo era esse... eu.

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PS: Não é sobre você. É sobre o amor. Você, é um circunflexo pra enfatizar. Quase uma coroa. Que eu uso, desuso e abuso. Qualquer dia apareço, só de circunflexo, na porta da tua vida. Extensão da tua casa, da tua cara, da tua fome. Pra você finalmente, morar.

PS Teu: Espero que reconheça, as cafuzices que são tuas. Assim como me reconhece, entre tantas (confusões).

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Prenúncio

Fiquei pensando que você caberia exatamente no vão entre as minhas pernas. Entre meus devaneios e sorrisos bobos, minhas loucuras mais sutis.

Deixei que fosse embora, só pra sentir o gosto da tua falta e fazer algum drama e poesia. Que era noite de dançar com teu cheiro nos meus cabelos. Você, sem querer, no meu peito. Querendo tanto meus segredos, meus caminhos intocáveis. Minhas ruas escuras e – sem saída.

Se te encontro numa dessas curvas da alma, sou capaz de nem pensar.

Sou capaz de te beijar como se não fosse suficiente. Engoliria você, tuas flores, teus dedos e teus medos. Num gole só. De engasgar. De respirar só no outro dia, se ele houvesse.

Deixei que fosse embora, por pura preguiça de ver amanhecer o dia, em que precisaria tanto de você.

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PS da série "desnecessários": Que cheiro é esse? Um perigo. Um dilema. Um desejo.

sábado, 26 de julho de 2014

Cama de Gato

No céu da minha boca, cintilam estrelas pra cada um dos meus pecados. Uns brilham mais que os outros, e todos têm um quê não de saciedade, mas de gula. Que vivo mesmo gulosa, cheia de vontades e caprichos. Me dou. Me dôo. Encho a boca e a alma do que, na ponta da língua, me faz bem. E nem sempre o bem dura tanto. Por vezes vem aquele fim amargo, prazer de licor que no último gole, assusta. De boca cheia, é tarde. E tão cedo pra censura, que logo esqueço dos meus exageros, das noites em que vivo (e que morro), como se não fosse quem eu sou. Como se não fosse de quem eu sou.

São meus os dias. São minhas as manhãs descabeladas e descabidas, no peito que nem sempre me cabe. Às vezes, meio rosto, um só dos seios, meias palavras e poucas verdades. Que a verdade inteira, já me tomaram. Já me roubaram a rima e o jeito.

Ele devia era tomar logo um porre. Devia beber minha garrafa, meu segredo inteiro. Devia era empurrar meu violão, rasgar meus livros e a minha calcinha. Devia parar de me olhar pelos cantos e morder logo a minha alma.

Eu que, ainda, não caibo na minha cama sem ele.
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PS: Baby, te amo. Nem sei se te amo...

sábado, 5 de julho de 2014

Varzeando

É possível que o Brasil passe da Alemanha e alcance a final. Mas, nós dois, com essa bola murcha e dividida, ficaremos aqui mesmo, nas quartas. Zero a zero sofrido, juiz cego, manco e sem mãe.

O cara veio descalço, craque de várzea quase indo pro brejo. E eu esperando golaço, com coreografia e coração. Padrão FIFA.

Nem ordem, nem progresso, nem paciência pra prorrogação. E não me venha valorizar o lance aos quarenta e sete do segundo tempo, que eu mordo. Troco tua confusão por uma contusão e acho até que o cartão vermelho combina bem com meu batom.

Sem drama, mas não vou trocar camisa, nem saliva, nem rancores com você.
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PS: Ele não é o Neymar e eu não sou a Marquezine. Portanto, nada de joelhada nem bola nas costas. O jogo aqui é limpo, embora nem sempre as regras sejam claras.

sábado, 21 de junho de 2014

Himenoplastia

Amar você, ficava sempre pelos cantos. E meu canto era sempre uma súplica, uma confissão calada. De quem tem palavras e não coragem no peito. Ah, peito quase murcho de tanta inércia. Que ainda assim, excitava-se com as pequenas possibilidades no canto da boca, com o jeito que me olha fingindo não perceber.

Prefiro tanto quando finge. Daí, me protejo do que faríamos juntos. Do que seríamos se fôssemos. Do dia seguinte, tão quente. Tão deliciosamente indefinido. Quando teríamos tempo de percorrer nossos corpos sem nenhuma culpa. Nenhuma dúvida e nenhuma confusão.

Ah, espero calada e úmida. Que meias palavras não bastam. Sou de engolir e engasgar uma palavra inteira.

Gulosa de você, quase casta. Quase virgem de emoções. Meu hímen na alma é seu.
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PS do PS: Qualquer PS me entregaria. E eu prefiro que não. Agora não.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Dele

Eu não queria dormir, mas precisava. Que era a maneira mais provável de calar os poros e as emoções. O desejo gritava. Aquela certeza insana. O susto, de serem só meus cabelos roçando nos seios e não ele. E não ele – ainda.

Que é que se cala num corpo cheio de dúvidas e vírgulas? Que é que se exala, se não todos os sins?
E o sim era prenúncio do inferno. E era preciso admitir, ali nua, que não era gratidão, nem fé, nem destino. Era pele. Pele trocada, mastigada, lambida. Embebida, cheiro de sexo e de whisky. Cheiro de precisão.

Precisar dele era tão óbvio e tão tosco. Saudade de quando precisava só de mim. Quando bastavam as mentiras e as confusões. Bastava-me. Ah, aqueles dias em que era tão comum ser eu.

Hoje, aquela estranha que é dele, sorri no espelho. Caçoa da minha luta ingênua. Vive dizendo nas entrelinhas que não há caminho que não esbarre na graça e na volúpia desnorteada dele. Ele!

Se é que existe um norte. Se é que ele mesmo existe, sem mim.
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PS: Rá!
De folga, falo e penso e sinto e escrevo o que bem ou mal quiser. E folham-se as vírgulas e as horas seguintes. Sou eu. Eu em negrito, letras garrafais, fonte 285.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Pipoca

Cheguei em casa. E só penso que o coração dela não suportou. Que amor demais dilata as veias, as ruas, a vida. Fica sobrando nos cantos, quebra as calçadas e as condições.

Também não tenho condições. Sou menina mimada, de roupa limpa e comida feita. De amores instantâneos, feito 3 minutos no microondas, pipoca barulhenta que sacia.

Tenho é medo. De não chegar, de não ter ombro que aguente. De não ter sorriso, nem tempo. Tenho é precisão de ser mais. De ter algum motivo que me caiba, que me baste. Que me mantenha acordada e livre.

Que eu pensei que era simples, não fácil. Pensei que era assim, viver e pronto. Sem precisar das outras vidas e de outros porquês.
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PS Definitivo: Ao amigo que me abraçou, desejo que a vida nunca cobre de ti a minha dívida. Que a sua ternura escorra, nua. Que seja um sopro de lucidez na tua (e na minha) alma. Ao que recusou meu abraço, desejo que nunca precise do meu. Que ainda assim, vou dar. Sou das que ama sem pretensão.

PS Triste: Não sei como seguir. Nem sei como haverão dias seguintes. É verdade que não tenho fôlego, nem razão. Exagerada, desesperada. Mas com alguma fé e um anel. Bem longe do que eu pretendia. Indo...

PS da Gigi: Ela tem dois anos. Nem sabe o quanto é bonito quando diz que quer “picoca”. Nem sabe que eu inventaria, se não existisse. Amor demais. Que faz a gente olhar por cima e além. Gigi, ainda bem. Que você existe aqui, bem diante e bem dentro de nós
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quinta-feira, 15 de maio de 2014

Umedecência

De propósito, não ouvi a voz dele nem a minha. Queria era que outra voz rompesse meus tímpanos e meus anseios. Meus seios. Misturados aos restos de coragem, todos os ímpetos possíveis e impossíveis. Os toques profanos, insanos, que me molhassem alma e o entendimento. Que me deixassem de boca aberta e o coração na mão.

É que eu fiquei sem força, sem fôlego, sem graça. Fiquei sem saber, se era umidade momentânea ou tradição. Se era de merecer a minha insônia ou o meu juízo. Se era coisa de viver, ou de lembrar.

Daí, fiquei quieta feito árvore frutífera e leve. Daquelas que só dizem quando venta, e faz parecer que fala.

É que eu não tinha ainda vocabulário pra aquilo. E de tanto pensar, úmida. Calei.

Que Oxum me proteja do que sinto. Do que calei, por pura falta de reciprocidade.

Do que, eu tanto duvido. E tanto protejo, e tanto discordo. Que amor é assim, amanhece e pronto. Feito vento forte na cara, bagunçando os cabelos e as convicções.
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PS bem desnecessário: Fudeu.

PS 2: Outro dia, outra história, ele queria que eu tomasse um banho de beijos. Se possível. Será que era possível?

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Calabouço

Não era dor dessas que um ombro amigo suporta. Era de quebrar os ossos e as convicções. Era de estragar o sangue e os sonhos, envenenar a alma e o ar.

Era mesmo de soluçar, não de esquecer. De sentar sozinha na beira do mar e chorar feito criança. Cicatriz antiga, contornada de rugas e cílios brancos. De vez em quando voltava a sangrar. Todo mês. Todo mês há 15 anos.

Não que eu tenha me acostumado, nem que a menção da dor já não me fizesse estremecer. É que sobrevivi aos 5475 dias após aquele e achei que em algum momento, meu pior medo seria só mais um fantasma na coleção.

Daí o vento soprou mais forte. Sorriu da minha ingenuidade e cravou os dentes bem no coração da minha cicatriz. E dessa vez, não só o sangue jorrou. Foi a minha força. Foi a minha capacidade de levantar e seguir carregando esse ventre. Vazio.
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PS Estúpido: Não, não estou falando de você. Nem de nós. Tenho outras desgraças na vida, além das que construímos juntos. Só coincidiu que hoje, era o pior dia pra receber tua notícia. Pior dia para devolvê-la, direto do fundo do poço. Cuidado. Espero que teus santos sejam tão fortes quantos os meus. Que eles nos protejam do que eu posso fazer, e, especialmente, do que eu NÃO posso fazer.
Nem o feitiço mais bonito será capaz de me salvar do que sou. Com alguma sorte, salvarão você, mas dessa vez, os respingos de lama vão (finalmente) ferir as paredes do calabouço que protege tuas mentiras.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Caríssima

Há tempos não sinto o teu gosto. Tanto tempo, que esqueci de ser tua. Um amargo na língua me lembra você. Amargo cintilante, de quem um dia foi Sol. Tua voz me irrita, que soa permissiva, conformada. Tanta covardia entoa tuas cordas vocais que eu... eu me despeço vingativa. Propósito desumano, o meu. De arrancar-me de dentro do teu peito feito vísceras que se esparramam pelo chão. E, em algum lugar do mundo fazem sentido sendo um resto, um rastro de sangue, uma caixa esquecida onde se guardam cartas, fotos, poemas. Vestígios de um amor que nunca sequer “foi”.

Um tanto mais. Um tanto menos de nós dois que nem dói. Que nem amanhece, enfraquecido de suor e espuma.

Quase nada. Quase nojo. Um cheiro danado de mofo, que incita meus espirros e dois passos pra trás. Três. Dez. Daí, lembro que saí correndo, tão à frente. Aceno pra tua teimosa sombra, lá atrás. Lá.

Ah, chega. Que sou mulher de beijo no claro, no meio do dia. No meio da cara.
E tão cara...
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PS: Beijinho no ombro pra você que não me esquece, e sequer pode estar ao meu lado. Prepare-se que estou em outros braços, baby. E você... Você vai morder os lábios de raiva. Vai escrever crônicas sobre o desamor. E quem sabe, ganhar dinheiro com a minha ausência. Que às vezes, quando se perde, se ganha.

PS2: Sim, meninas. Tem um quê de ironia CÃOporativa no título dessa cafuzice. Caríssimas, amo vocês! E já sinto falta de quando éramos inteiras...

PS3: #partiuvida... :)

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

E depois?

Desculpar é tirar a culpa e eu não vou. Meu amor, a culpa é tua. Queria era ter tirado tua roupa. Teu medo. E essa mania de ter todos os pingos nos is. Esse desnecessário desejo de entendimento.

Entender não teria resolvido nosso problema. Sem entender, me precipitei na direção da tua boca e quase não consegui voltar. Aliás, tua boca merecia dedicação e poesia. Tua boca merecia longos silêncios e todos os sentidos.

Era o que eu pretendia. Mas, entre o meu querer e o teu existe um vale de inquietações. E eu sou, emocionalmente, preguiçosa. Exagerada, com poucos perdões no bolso e planos que incluem preencher as minhas páginas em branco com emoções que mereçam serem lidas (e relidas).

Nosso caso foi quase um Haicai. Que é que eu faço com o restante das linhas, se preciso agora virar a página?

Talvez um desenho. A tua boca e a minha ocupando (e enfim, desocupando) nossas estrofes.
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... e vamos de Leminski:

“objeto
do meu mais desesperado desejo
não seja aquilo
por quem ardo e não vejo

seja a estrela que me beija
oriente que me reja
azul amor beleza

faça qualquer coisa
mas pelo amor de Deus
ou de nós dois
seja”
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PS: Ao desocupar minha página, tenho certeza que desocupa meus sonhos... Preciso ser dona das minhas noites e especialmente, dos meus dias seguintes.

PS Fundamental: Coisa do Bibo isso de “desculpar é tirar a culpa”. Pensamento que me acalmou naquele momento em que eu quase sentia culpa por não desculpar. Gabriel Quesada, te amo. Já que me conhece tanto, por favor, evite precisar que um dia eu tire tua culpa... hahahahaha.
Bruninha... já sei. Preciso aprender a perdoar. Mas, desculpar pode ser ainda mais difícil.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Adoração

É que no auge da minha loucura, preciso admitir que teu cheiro é uma necessidade. Que teu beijo talvez seja a minha cura. De um talvez tão certo quanto respirar.

E respirar, meu princípio básico, soa como supérfluo. Que necessário mesmo é você. Que a minha pele com a tua vira mundo. Amor sem vergonha de sê-lo. Sem censura. Poesia de sentir, sem métrica ou convenções. Sem a dança morna das palavras que ensaiam e definham sem ao menos experimentar o precipício que é a ponta da língua. O palco.

Ah, meu amor. Beijo tuas palavras e sei que devoras as minhas. Nossos sonetos terão quantos versos quiserem SER. E nossas rimas tortas farão sentido na cama. Despidas e livres sobre os lençóis.

Alforria, meu bem. Quiçá descobriremos lascívia em todas as palavras.

Escreva teus desejos em mim. Os insanos.

Aqueles que têm nos roubado o sono e a paz.
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PS dele: Outro dia, quase nos perdemos. Luxo que atribuo à licença poética que vivemos. Ela é que permite ir e vir. E ficar. Então ficamos um no outro, bem dentro. Ao alcance das palavras que inventamos e que ressignificamos (adorei “duoelo” – e adoro adorar você).

PS da Bruna Quesada: “Alê, ele mexeu tanto comigo que escrevi uma cafuzice”. Amiga, coisa mais linda de ouvir. E de sentir. Quase de chorar. Como é que eu poderia imaginar que um dia, “cafuzice” estaria no dicionário (e na vida) de alguém que não eu – essa louca aqui? Rsrsrsrsrsrs. Garanto que fiquei tão emocionada quanto seu muso. Talvez menos, que ele com certeza sentiu na alma cada uma das palavras e vírgulas que leu (e viveu) com você. É seu o meu “obrigada” mais bonito... :)