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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

E depois?

Desculpar é tirar a culpa e eu não vou. Meu amor, a culpa é tua. Queria era ter tirado tua roupa. Teu medo. E essa mania de ter todos os pingos nos is. Esse desnecessário desejo de entendimento.

Entender não teria resolvido nosso problema. Sem entender, me precipitei na direção da tua boca e quase não consegui voltar. Aliás, tua boca merecia dedicação e poesia. Tua boca merecia longos silêncios e todos os sentidos.

Era o que eu pretendia. Mas, entre o meu querer e o teu existe um vale de inquietações. E eu sou, emocionalmente, preguiçosa. Exagerada, com poucos perdões no bolso e planos que incluem preencher as minhas páginas em branco com emoções que mereçam serem lidas (e relidas).

Nosso caso foi quase um Haicai. Que é que eu faço com o restante das linhas, se preciso agora virar a página?

Talvez um desenho. A tua boca e a minha ocupando (e enfim, desocupando) nossas estrofes.
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... e vamos de Leminski:

“objeto
do meu mais desesperado desejo
não seja aquilo
por quem ardo e não vejo

seja a estrela que me beija
oriente que me reja
azul amor beleza

faça qualquer coisa
mas pelo amor de Deus
ou de nós dois
seja”
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PS: Ao desocupar minha página, tenho certeza que desocupa meus sonhos... Preciso ser dona das minhas noites e especialmente, dos meus dias seguintes.

PS Fundamental: Coisa do Bibo isso de “desculpar é tirar a culpa”. Pensamento que me acalmou naquele momento em que eu quase sentia culpa por não desculpar. Gabriel Quesada, te amo. Já que me conhece tanto, por favor, evite precisar que um dia eu tire tua culpa... hahahahaha.
Bruninha... já sei. Preciso aprender a perdoar. Mas, desculpar pode ser ainda mais difícil.