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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Sol-te

“Quando quiser, avise. Te quero bem. Tu sabes, né?”

Tenho dez dedos apontando em outra direção. Tenho pés que voam e alma que morde. Tenho espelho grande. Cicatrizes que parecem tatuagens e que mostram quem eu sou. Não queira ver. Não me queira tanto. Não me ligue. Não ouse escrever como se eu fosse outra. Como se eu fosse louca. Já fui. Já era. Jaz.

E quando a lembrança do meu gosto te perturbar, seja forte. Desligue. Derrame gelo, leite, sangue. Seja outro alguém, que não meu.

Nem tão meu, nem tão seu. Seja outro. Outro cheiro, outro posto. Uma história que não inclua meus cachos, meus seios, meus sins.

Meus porquês, de tão simples, engoliram os teus. Foram-se todos, tomar sol, beber água e gozar daquilo que você nem quis.

Nem quis. Então agora, nem queira.

Eu sou o teu delírio. Teu absurdo mais voraz. Teu perigo mais fundo.

E nem por isso, tua.

Nem por isso, nós. E nem por isso, sempre.

Tão por isso, minha.
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PS da série “desnecessários”: Ele sente o cheiro. Sempre que chego perto demais de mim, ele vem. Ele tenta. Sorri como se eu devesse royalties da minha alma. Como se ele, soubesse mais que eu.

PS desimportante: Te amo tanto que te odeio. Há anos. Há 116 cafuzices (se puder, releia a primeira, aqui mesmo: Erros Púrpuros de Português – Abril/2008). Li tua mensagem embaixo daquele Sol. Sol-te.

Ainda assim, e muito mais assim... MINHA.

PS digno: "Sol-te" é coisa do Leminski... claro.