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domingo, 28 de junho de 2009

Reticências

Não tive tempo de entender o que aconteceu. Sei que nossos beijos são indecentes – de uma indecência pura. Nossas línguas conversam sobre tudo o que ainda não podemos dizer.

E quem precisa de palavras, quando o corpo é a própria sublimação do desejo, da sede, da febre que é ter você sobre mim? Em mim. Um plural de emoções que ressignifica o “nós”.

Calamos a boca para ouvir nossos poros se descobrirem. Meu seio esquerdo quebrou o silêncio e sorriu pra você.

Meus dedos se soltaram de mim pra massagear dos seus lábios às pontas dos pés. Sem guia. Sem permissão. Sem atalhos. Querem o caminho mais longo pra percorrer você. E demorar. E transcender.

Ah, vou demorar em você. Quero todos os detalhes que te fazem corar. Quero que descubra o meu gosto e a minha nudez. Até a nudez da alma. A diferença entre o meu sorriso de papel e aquele, de felicidade. Como o que você flagrou no carro hoje de manhã.

E quanto mais bebo você, mais tenho sede.

Quero você, no plural. E já são seus os meus suspiros e as minhas mais deliciosas reticências...
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PS1: Vem beijar as minhas reticências. Vem mostrar o que é capaz de me fazer sentir. Vem sentir, que ainda tem muito mais...

PS2: Acho que despertei um dragão e quero me queimar.

PS3: Lelê, nãnãnãnãnãnã... rsrsrsrsrs

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Agora

Cheguei em casa e senti sua falta. Não que eu quisesse ter outra vida, mas queria você no meu quarto, esperando as minhas dúvidas e os meus desejos. Sem perguntas, sem respostas, sem amanhã.

Você com o mesmo sorriso que me acordou no domingo. E o mesmo olhar que me sequestrou naquele retrovisor - antes da primeira vez.

Foi isso mesmo. Um sequestro. Uma invasão de território, de pele, de limites. Meus limites nem são mais meus. São seus. Vou tatuar seu nome na minha fronteira.

Vou te beijar como se o mundo fosse acabar. Dane-se. Nem me importa o que vivi e o que me aguarda.

Dane-se. Quero você pra descobrir até onde posso ir. Quero testar meu fôlego, meus planos, meus rascunhos.

Vou experimentar ser sua, sendo minha.

Vou ser.
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E o Vander Lee sentiu, criou e cantou:

NÃO TENHA PRESSA

Não tenha medo
Não venha cedo
Não mude o enredo
Pode ser ruim

Não tenha pressa
Não tem promessa
Não dê, não peça
Não me meça assim

Só coma os frutos
Só siga um trilho
Não colha flores
Em outro jardim
Não me escravize,
Não faça brisa,
Que o vento vem...
E te leva de mim

Não conte os passos
Não cante gloria
Não corte o impulso
Da nossa história
Não venda a alma
Não perca a calma
Respeite os traumas
Dessa trajetória
Só coma os frutos
Só siga um trilho
Não colha flores
De outro jardim
Não me escravize
Não faça brisa
Que o vento vem...
E te leva de mim
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PS: É agora, mas não tenha pressa que eu não tenho. Quero é te beijar até umedecer a engrenagem da minha armadura. E da sua.
E obrigada pela preferência. Também adoro preferir você.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Disritmia Licenciosa

Ele tem gosto de confusão. Ele some e nunca vem aos poucos. É que não sabe ser pouco. É tanto que transborda e não faz a barba pra não ser menos dele mesmo - no rosto. Na vida. E aquele sorriso manso, sacana, que me lembra o Vadinho da Dona Flor (sim, o Vadinho do Jorge Amado).

Mas o meu Vadinho chega de boné, calça larga e as mãos (que vão me tocar) nos bolsos. O peito indicando a minha direção. Daí viro flor. Dona Flor. Senhora das flores, de pétalas nuas e orvalhadas em plena primavera.

Ele sabe. Ele sente. E me olha como se desafiasse os meus sentidos (e a minha lucidez licenciosa): Vem Nega. Vem desabrochar. Vem beber da minha malandragem e do meu desatino.

Vem, Nega. Vem se entorpecer de mim.
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A música (que não podia ser outra e nem precisava ser tanto, como tudo entre nós) é DISRITMIA, do Martinho da Vila, que o Zeca Baleiro cantou (e encantou):

Eu quero
Me esconder debaixo
Dessa sua saia
Pra fugir do mundo
Pretendo
Também me embrenhar
No emaranhado
Desses seus cabelos
Preciso transfundir
Seu sangue
Pro meu coração
Que é tão vagabundo...

Me deixe
Te trazer num dengo
Pra num cafuné
Fazer os meus apelos...

Eu quero
Ser exorcizado
Pela água benta
Desse olhar infindo
Que bom
É ser fotografado
Mas pelas retinas
Dos seus olhos lindos
Me deixe hipnotizado
Prá acabar de vez
Com essa disritmia...

Vem logo
Vem curar teu nego
Que chegou de porre
Lá da boemia...

Vem logo
Vem curar seu nego
Que chegou de porre
Lá da boemia...

Me deixe hipnotizado
Prá acabar de vez
Com essa disritmia...

Me deixe hipnotizado
Prá acabar de vez!
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PS1: Só obedeço porque quando ele me chama de “nega” emprega um tom e um desejo irresistíveis. É um “nega” com mel. Floresço doce.
Ai, esse olhar infindo... rsrsrsrs

PS2: Lelê, ia falar dos dois. Dos nossos dois. Mas não cabem dois nesse espaço. Depois escrevo mais.

PS3: Toty, que agora além de alma tem voz, pele, osso e Chocolate... rsrsrsrs. Teu abraço (de verdade) foi um presente que eu espero merecer. Beijo enoooooorme!

PS4 (da série “desnecessários”): LICENCIOSO (segundo o Aurélio): Indisciplinado, desregrado. Libertino. Sensual, libidinoso.
Segundo a wikipedia: devasso.
Segundo a Dona Cafuza: que palavra deliciosa. Linda... rsrsrs.

sábado, 6 de junho de 2009

Senhora, não me perdoe.

Peço licença pra contar uma história que não é minha. Uma história que dói em outros corações. Mentira. É um pouco minha também. Só ele é que não é meu.
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Senhora, amo o seu marido. E não tive culpa nem direito à recusa. Ele chegou em seu cavalo branco numa noite seca. Lindo, sem aliança, sem memória, sem perdão. Com sua espada em punho e o desejo de me coroar.

E era só. E a sua solidão cabia no meu peito. E o meu peito cabia em suas mãos. Toda noite eu ansiava, trêmula. Como quem tem fome. Como quem tem sonhos que a vida de repente oferece numa bandeja. Um banquete deslumbrante de desejos, promessas e sensações.

Então ele chegava. E era gula, era sede, era fúria – e alguma paz, que acalmava os fantasmas que vivem embaixo da minha cama. Era amor. Como nunca havia sido. Tanto. Como se os dias fossem apenas intervalos entre os nossos encontros. E as nossas conversas enchiam de luz a madrugada. Éramos sonhos que não queriam amanhecer.

Senhora, lamento informar que ele também me amou. Com outro nome, outros motivos, outros temores. Mas eram exatamente os mesmos olhos. Aqueles que trazem o mar, o céu e a confusão. Morei nos olhos do seu marido.
A casa estava vazia, triste e empoeirada. E eu...

Eu levei flores e canções. Dei de presente a ele os filhos que não tive e todos os beijos que não dei. Aquele abraço, que guardava pro final.

Não me pergunte de agora. Agora a verdade dilacera. A covardia e a ausência dele são os meus soluços e a minha falta de ar.

Senhora, nunca quis o seu lugar. O seu lugar de vítima e de madrasta desse amor. Tenho coroa e meu amor é realeza. Serei rainha, mesmo que de outros reinos. Mesmo que hoje, eu seja a princesa que se apaixonou pelo bobo da corte.

Sim, Senhora. Amo esse bobo que dorme ao seu lado. E não me perdoe, que não me desculpo nem me arrependo. E não a perdôo também, por não amá-lo como eu amo. Desejo que um dia possa encontrar o seu príncipe. E que sinta o que eu senti, mesmo que seja por uma noite.

E eu, que de tantas migalhas me sinto anêmica, vou descansar. Uma longa estrada me espera.

E uma vida inteira, pra descobrir como viver. Senhora, se puder, me conte o seu segredo. Como é possível viver assim, ao lado dele sem ele?

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PS: Amiga, ele não é seu, nem é dela. Talvez não seja nem dele mesmo. Espero que esse tenha sido o seu amor bastardo. E que o legítimo te atropele na próxima esquina. E que seja forte, p/ segurar vc no braço e no abraço. Que seja o teu rei.
E espero ter alcançado as emoções certas p/ tentar dizer tanta coisa. Me perdoe se não fizer sentido. Obrigada por confiar o seu coração às minhas palavras.
A sua história me deu a oportunidade de reviver a minha.

Amo você.