(...)

(...)

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Dele

Eu não queria dormir, mas precisava. Que era a maneira mais provável de calar os poros e as emoções. O desejo gritava. Aquela certeza insana. O susto, de serem só meus cabelos roçando nos seios e não ele. E não ele – ainda.

Que é que se cala num corpo cheio de dúvidas e vírgulas? Que é que se exala, se não todos os sins?
E o sim era prenúncio do inferno. E era preciso admitir, ali nua, que não era gratidão, nem fé, nem destino. Era pele. Pele trocada, mastigada, lambida. Embebida, cheiro de sexo e de whisky. Cheiro de precisão.

Precisar dele era tão óbvio e tão tosco. Saudade de quando precisava só de mim. Quando bastavam as mentiras e as confusões. Bastava-me. Ah, aqueles dias em que era tão comum ser eu.

Hoje, aquela estranha que é dele, sorri no espelho. Caçoa da minha luta ingênua. Vive dizendo nas entrelinhas que não há caminho que não esbarre na graça e na volúpia desnorteada dele. Ele!

Se é que existe um norte. Se é que ele mesmo existe, sem mim.
_____________________________________________________________
PS: Rá!
De folga, falo e penso e sinto e escrevo o que bem ou mal quiser. E folham-se as vírgulas e as horas seguintes. Sou eu. Eu em negrito, letras garrafais, fonte 285.

Nenhum comentário: