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quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Sete mil e duzentos segundos

Duas horas da tarde. Alguma coisa que é sua ficou em mim. Lá dentro. Latejando. E eu não sei se é sexual, espiritual, superficial. Nem quero saber. Não preciso.

Sei do teu gosto na minha língua. A precisão da tua pegada e a minha consistência amolecendo, derretendo, se desmanchando em gozo, em febre, em desejo cíclico. Teu prazer me comove. É uma súplica à cumplicidade. Um convite à intimidade num beijo voraz.

Mas, eu queria mais. Queria que não houvesse horas, nem histórias, nem preocupações pré-concebidas – adormecidas, heranças de outras emoções. Nossos beijos despertando dragões de outros reinos. E eu, sem espada, que abandonei as armas há tempos...

Quer saber? Por você, volto pra a guerrilha, sem armadura. Tudo por mais um segundo. Por mais um centímetro dessa pele misturada. Mais um centímetro e você em mim.

Serei tua ninfa, nua. Refletida na menina (envergonhada) dos teus olhos.

Sim, sim. Posso ser teu anjo negro. Mas, não me peça... Deseje. E sem que eu perceba, me tome. De assalto, de gula. De boca cheia e coração na mão. Mesmo que pareça a contramão.

Arranque o lacre com os dentes.

Posso ser tua. Se quiser...

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PS1: Ui... rsrsrsrs
PS2: Dadá, "contramão" corrigida... Obrigada. O que seria da Dona Cafuza sem vc? rsrsrs

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

O Banquete das Deusas

Houve um tempo em que você esteve à frente de qualquer um dos meus planos. Era sua, pelo avesso. Como se alguém que não se pertence pudesse mesmo oferecer ao outro algo de bom. Frutas secas.

Uma coleção de enganos. Um relicário de desejos desencontrados e proibidos. Devota emocionada, cúmplice emprestando minha fé. Vendendo meus sonhos e você... pagando em suaves prestações. O dinheiro do táxi selando uma noite de amor. Quase masturbação a dois. Vaidades que se amavam.

Não me convide. Não me ofereça o que não tem. Olhe de novo. Olhe nos olhos. Falta alguma coisa na sua prateleira de especiarias. Estou cedendo o meu lugar, vazio.

Minha mesa é farta. Suculenta. Sente-se, se for o seu apurado paladar. Prepare a língua para as mais fortes emoções, que não tenho tempo pra menos. Meus sabores são marcantes, mas a excentricidade intoxica os mais fracos enquanto sensações amadurecem (e enlouquecem).

Seja breve na sua equívoca e vaidosa lamentação. Não insista. Ainda guardo a sobremesa. Levante-se, antes que não possa viver sem a menção do doce que sequer conheceu.

Esqueça que freqüentou o meu banquete. Beba um sal de frutas.

Se ainda sentir meu gosto na boca, se ainda o meu rosto sombrear as páginas manuscritas, tente uma oferenda à Iansã (deusa dos ventos e dos mortos). Se merecer, ela sopra pra longe o teu luto.

Eu, Dona Cafuza, senhora das minhas confusões, retiro o teu prato e me despeço num abraço de paz.
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PS1: Dadá, minha amiga especial e atemporal, eu não ia mesmo publicar... Mas publico, suplico, ressignifico. E obrigada por amparar meus anseios, minhas palavras, minhas inquietações. Pra você, beijo com cobertura de chocolate e ternura, com recheio surpresa, de poesia... Axé, Deusa Dadá.