(...)

(...)

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

De amor

“Tenho jasmim, tenho hortelã
Eu tenho um anjo, eu tenho uma irmã
Com a saudade teci uma prece
E preparei erva-cidreira no café da manhã
Ninguém vai me dizer o que sentir
E eu vou cantar uma canção pra mim”

Feliz Aniversário. Hoje, se eu cantar uma canção, será sua. Será pra dizer que você ainda é a minha irmãzinha, escondida atrás desses óculos e dessa pose brava de mulherão.

Hoje, vou cantar a sua força. Seus feitiços de Kárittis, seus sentidos que vão além dos nossos. Tão além dos nossos. Seu modo exagerado (e lindo) de amar. Seus segredos. Seu abraço que acolhe um mundo inteiro. O meu mundo inteiro, tantas vezes no seu colo, no seu jardim de jaboticabas e memórias.

Eu tenho uma irmã. Eu tenho. No peito, na vida, naquele apartamento no quarto andar. Minha irmã que tem erupções de emoção. Que tem medo da clarividência que herdou, mas que nunca (nunca!) teve medo do amor.

E são 27 anos de amor. Não é pra qualquer um. Não é pra qualquer uma. Parabéns, minha querida, por ser assim... tanto de você, em nós.


***(Cunhadinho, não fica bravo, mas a música é da Marisa Monte... rsrsrs).

Soul Parsifal
Legião Urbana
Composição: Marisa Monte e Renato Russo

Ninguém vai me dizer o que sentir
Meu coração está desperto
É sereno nosso amor e santo este lugar
Dos tempos de tristeza tive o tanto que era bom
Eu tive o teu veneno
E o sopro leve do luar

Porque foi calma a tempestade
E tua lembrança, a estrela a me guiar
Da alfazema fiz um bordado
Vem, meu amor, é hora de acordar

Tenho anis
Tenho hortelã
Tenho um cesto de flores
Eu tenho um jardim e uma canção
Vivo feliz, tenho amor
Eu tenho um desejo e um coração
Tenho coragem e sei quem eu sou
Eu tenho um segredo e uma oração

Vê que a minha força é quase santa
Como foi santo o meu penar
Pecado é provocar desejo
E depois renunciar
Estive cansado
Meu orgulho me deixou cansado
Meu egoísmo me deixou cansado
Minha vaidade me deixou cansado
Não falo pelos outros
Só falo por mim
Ninguém vai me dizer o que sentir

Tenho jasmim tenho hortelã
Eu tenho um anjo, eu tenho uma irmã
Com a saudade teci uma prece
E preparei erva-cidreira no café da manhã
Ninguém vai me dizer o que sentir
E eu vou cantar uma canção pra mim
____________________________________________________
PS: Fiquei pensando que ouvimos tanto essa música... quase uma vida inteira. A trilha sonora da nossa adolescência era Legião. E só muito depois eu soube que essa letra linda é da Marisa. Perfeito! Pra você, de aniversário. De amor.

Tenha calma... Não é fácil, eu sei. Mas é você. É você depois de tudo o que viu e sentiu. É você. Vai dar certo. A vida a escolheu. Que sorte a deles. Que sorte a minha.

PS2: Cunha... eu fiz a minha declaração de amor. Agora falta a sua... rsrsrsrs

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Bonita?

Beleza não se institui. Sente-se. Com os olhos, com o toque. Com pequenas e grandes decisões. Pode ser um privilégio dos sentidos. Pode ser sua. Ou, pode-se espalhar no vento, no tempo, nos soluços das esquinas de enchentes - de bueiros e corações entupidos. De arco-íris depois da confusão.

A beleza é só. Ela continua o desfile, ainda que o espectador esconda-se atrás da porta. Ele ainda quer. Ainda quer vê-la passar.
____________________________________________________
A Mais Bonita
Composição: Chico Buarque

Não solidão,
Hoje não quero me retocar
Nesse salão de tristeza
Onde as outras penteiam mágoas.
Deixo que as águas invadam meu rosto,
Gosto de me ver chorar.
Finjo que estão me vendo
Eu preciso me mostrar...
Bonita,
Pra que os olhos do meu bem
Não olhem mais ninguém
Quando eu me revelar
Da forma mais bonita
Pra saber como levar
Todos os desejos que ele tem
Ao me ver passar
Bonita...
Hoje eu arrasei na casa de espelhos,
E espalho os meus rostos
E finjo que finjo que finjo
Que não sei.
___________________________________________
PS: “E finjo que finjo que finjo que não sei...”
A música eu ganhei de presente (da minha irmã e do meu cunhado - e mais recentemente do Lê). Foram presentes diferentes, porque eram outros trechos. E eu? Eu também. Diferentes trechos.

PS da série “desnecessários”: 1ª definição de BONITO, segundo o Aurélio: 1.Que agrada aos sentidos ou ao espírito, sem ser propriamente belo.

PS dos Comentários:
Cá. Me espanta alguém buscar respostas por aqui... rsrsrs. Por aqui, o melhor e o pior de mim. Ultimamente, ando mais silenciosa. Cuidadosa com as palavras. Preferindo lê-las que escrevê-las. Antes que se apropriem de mim. Ainda assim, obrigada. Ah, vou rir uns 15 dias com a história do convite p/ o desfile das campeãs. Obrigada demais por me fazer rir.

Gabi... Menina. Ainda bem que é assim: surreal. Ainda bem que tenho você pra ler, pra contar – e pra abraçar (logo mais, na segunda-feira de manhã). E se não fosse o nome do seu blog, seria do meu: “Minha poesia já não tem seu nome...”. Brilhante. Coisa de borboleta com flor no cabelo e emoção escorrendo pelas mãos. Beijo!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Nada menos...

Hoje, eu vou dormir bem. Vou dormir minha. Faxina nas gavetas e no coração. Desfiz as malas. Um saco enorme de emoções na porta, esperando o lixeiro passar.

E não há cachorro capaz de rasgar esse saco. Não há no mundo alguém capaz de roubar a minha paz. Na minha fortaleza não tem campainhas. Na minha agenda, só os telefones necessários. Ao meu redor, só os animais que sabem sorrir e que abraçam assim, como quem ama.

Respeito é bom e eu valorizo. Sei da recíproca. Sei ser cruel. Mas hoje, sou só eu mesma. Nada mais e nada menos. Eu.

__________________________________________________
PS:(...)
"Da veia escapa o sangue, e não me movo!?
Não... Apenas deixo a ferida aberta
Para quem sabe o possa entrar de novo. "
(SONETO IMPREVISTO – do Lê – anjomalandro.blogspot.com)

Lê, tão lindo. Me fez pensar tanto. Mexeu comigo de um jeito que saí correndo de mim mesma. E só voltei com curativos e anti-sépticos. Sem anestesia, costurei minha ferida com pontos bem fechados. Agora cuido pra não inflamar. Pesquiso cicatrizantes. Porque não quero (não posso), resisto. Nada de feridas abertas. Nada de "quem sabe o possa entrar de novo". Nada de sonetos "previstos". Das dores, só as experimentais.
Beijo!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Estrelas, brigadeiros e minissaia

A lua minguante, minguou apenas no primeiro dia. No segundo, era eu. De vermelho e minissaia. De sorriso, de bobeira. De cabelo preso pra não dar trabalho. De rabo de olho, pra não precipitar o que era natural. Quem sabe fosse, superficial.

E não era. Era eu sem respostas para as perguntas dele. Era eu, sem querer fazer sentido algum. Mas assim, sem querer, não deixei que fosse embora. Não deixei de ser eu mesma - e fui, nas vírgulas e nas entrelinhas. Até perceber que era isso, exatamente isso, que ele queria. Eu mesma – com tudo o que sobra, tudo o que falta (e tudo o que ameaça explodir em fogos, em fogo, em confusão).

Então, deixei que ele quisesse. Deixei que esperasse, até que eu não pudesse mais pensar. Até que ele viesse, sem sim nem não. Num beijo. E um céu sem lua, mas cheio de estrelas e novidades. Um céu inteiro. Cheio de segredos e poesia.

Um beijo sem precedentes, sem pretensões. Que tomou conta daqueles primeiros minutos da semana que se inicia. E que, nem sabíamos, se era o começo ou o fim.
_______________________________________________________
PS: Ah, sem PSs. Só quero concordar com a Toty. A vida é perfeita (com lua, sem lua, com cicatrizes, estrelas e brigadeiros). A vida é perfeita e vivam os dias seguintes. Tim-tim. Também amo você. Com orgulho, com saudade, com uma admiração que transcende. Sempre.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Lua Minguante

Abri aquele vinho chileno que você me deu. Acabando a garrafa, extingue-se mais um pouco do que resta de seu em mim.

A noite expulsei teu fantasma da minha alma. Vá dormir no sofá, se quiser. Ou, não durma. Vá brincar, vá chorar. Vá ver a lua.

A lua é aquela metade, brilhante, minguante, minguando. E lembrei que a metade que falta, brilha em outro hemisfério – que não o meu. E eu não vou buscar. Não vou brigar com os astros, com os anjos, com os orixás. Deixa assim, minguando.

São só mais oito dias pra chegar a Lua Nova, em pleno sábado de carnaval. Antes da quarta-feira de cinzas, terei incinerado teu nome. Todas as analogias, todos os símbolos espalhados em meu caminho. Tudo que ainda é seu, em mim.

Que Iansã me ajude. Que Oxum desista de me mostrar você. Deixem-me fechar os olhos em paz.
_______________________________________________________
... Já estive apaixonada pela interpretação da Elis Regina, depois da Mônica Salmaso (e eu mesma já tentei interpretar). Mas agora, só consigo ouvir (e ver) com a Fabiana Cozza...

Canto de Ossanha
Composição: Vinicius de Moraes / Baden Powell

O homem que diz "dou”
Não dá!
Porque quem dá mesmo
Não diz!
O homem que diz "vou"
Não vai!
Porque quando foi
Já não quis!
O homem que diz "sou"
Não é!
Porque quem é mesmo "é"
Não sou!
O homem que diz "tô"
Não tá
Porque ninguém tá
Quando quer
Coitado do homem que cai
No canto de Ossanha
Traidor!
Coitado do homem que vai
Atrás de mandinga de amor...

Vai! Vai! Vai! Vai!
Não Vou!
Vai! Vai! Vai! Vai!
Não Vou!
Vai! Vai! Vai! Vai!
Não Vou!
Vai! Vai! Vai! Vai!
Não Vou!...

Que eu não sou ninguém de ir
Em conversa de esquecer
A tristeza de um amor
Que passou
Não!
Eu só vou se for pra ver
Uma estrela aparecer
Na manhã de um novo amor...

Amigo sinhô
Saravá
Xangô me mandou lhe dizer
Se é canto de Ossanha
Não vá!
Que muito vai se arrepender
Pergunte pro seu Orixá
O amor só é bom se doer
Pergunte pro seu Orixá
O amor só é bom se doer...

Vai! Vai! Vai! Vai!
Amar!
Vai! Vai! Vai! Vai!
Sofrer!
Vai! Vai! Vai! Vai!
Chorar!
Vai! Vai! Vai! Vai!
Dizer!...
Que eu não sou ninguém de ir
Em conversa de esquecer
A tristeza de um amor
Que passou
Não!
Eu só vou se for pra ver
Uma estrela aparecer
Na manhã de um novo amor.
______________________________________________________
PS dos Orixás: Iansã, minha mãe. Deusa das tempestades, dos ventos e dos Eguns (espíritos). Oxum, minha madrinha. Deusa das águas doces, das lágrimas, do amor. E Ossanha (Osanyin), orixá que é 6 meses homem e 6 meses mulher. Senhor/senhora das folhas e dos segredos...

PS 2: Cada um com a sua, ou com nenhuma, fé. Quem me conhece sabe do meu ceticismo e da sua oscilação também. Minha simpatia pela umbanda é quase cultural. É coisa de neguinha cafuza, que sente a batucada no coração, como eu. É como aquele ditado espanhol: “Não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem”. E esse carnaval, de lua nova em mim, promete.

PS do Lê: Ei, meu poeta. Não entendi o espanto. Não foi o primeiro PS só seu. Foi o terceiro ou quarto... rsrsrs. Sem contar que tem até texto, só seu. Eu sim, lisonjeada. Porque você que já fez tantos comentários, pela primeira vez derramou suas palavras assim... em público. Volte sempre. Venha tergiversar e me inspirar... Beijo!