(...)

(...)

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Umedecência

De propósito, não ouvi a voz dele nem a minha. Queria era que outra voz rompesse meus tímpanos e meus anseios. Meus seios. Misturados aos restos de coragem, todos os ímpetos possíveis e impossíveis. Os toques profanos, insanos, que me molhassem alma e o entendimento. Que me deixassem de boca aberta e o coração na mão.

É que eu fiquei sem força, sem fôlego, sem graça. Fiquei sem saber, se era umidade momentânea ou tradição. Se era de merecer a minha insônia ou o meu juízo. Se era coisa de viver, ou de lembrar.

Daí, fiquei quieta feito árvore frutífera e leve. Daquelas que só dizem quando venta, e faz parecer que fala.

É que eu não tinha ainda vocabulário pra aquilo. E de tanto pensar, úmida. Calei.

Que Oxum me proteja do que sinto. Do que calei, por pura falta de reciprocidade.

Do que, eu tanto duvido. E tanto protejo, e tanto discordo. Que amor é assim, amanhece e pronto. Feito vento forte na cara, bagunçando os cabelos e as convicções.
_________________________________________________________________________________
PS bem desnecessário: Fudeu.

PS 2: Outro dia, outra história, ele queria que eu tomasse um banho de beijos. Se possível. Será que era possível?

Nenhum comentário: