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terça-feira, 5 de abril de 2011

Quizumba de Lebara

Neste caso, fiz questão de buscar caneta e papel. Como se existisse entre eles, uma relação sexual. A tinta, o rubor, o borrão... o desejo desenhado nas curvas cuidadosas da minha caligrafia.

E a minha caligrafia tinha péssimas intenções. Arredondava-se insinuante, derramava-se nua, umedecendo o papel e o ar. Escorregava como se no corpo dele. E o corpo dele era meu. Era de uma entrega indecente, a própria injúria. Na gira... inteira dele.

Como se sempre. Como se até hoje, os outros beijos fossem ensaios. Fósseis de uma memória frágil. Que em nenhum houve tanta vida. Tanto corpo. Tanto sangue. Que em nenhum, me perdi como agora. Como uma mulher que ama e desespera e agoniza. Que amar pode ser como morrer...

Ainda se a morte trouxesse logo sua foice... Mas são gotas de veneno pingando nas horas. E precisar dele era aquela sede de quem tem o corpo inteiro incendiado. Incendiando. Aquela urgência de tomá-lo antes, de bebê-lo todo. Engasgada, apaixonada, enlouquecida. Ah, que dentre tantos, era ele que deveria estar entre as minhas pernas, minhas dúvidas, meus sorrisos.

Era ele. Tão ele. Só ele.

O pecado principal. Convite ao baile do inferno, enquanto pontos e giras não tinham fim.

E no meu corpo, doía a sua falta. Doíam as mordidas no ar. Doía na boca aquele outro gosto e na minha pele, o cheiro dele mudava de cor. No colo, no seio, na cadeira bamba, as pernas e o juízo trêmulos.

Era o segredo denunciado. O beijo na alma. A boca cheia d’água, relâmpagos e perdões.
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PS: Agradeço a amiga que emprestou a história, as palavras e o coração. Cinco garrafas de vinho, uma porção de confissões e eis que não consigo dormir. Eis que... outras coisas, outras tantas coisas que não adormecem.
Ai, amiga. Eu diria que você está deliciosamente perdida. Não tenha pressa de se achar que o mundo arde... Prenúncio do inferno. Então, vamos queimar... rsrsrsrsrs.

PS2: Há anos atrás, a Andréia contou que conheceu na rua um poeta-andarilho. Nem deu muita bola. Ele queria vender uns versos e ela só queria ir embora. Mas, bateu o olho no papel e nunca mais esqueceu a frase:
“Desejo consumir teu corpo nú entorpecendo-me no seu gozo morno, sem te deixar a desejar. Quero”
Já que a Andréia não lembra o nome do autor-poeta-andarilho-perdido, lamentamos. Mas, sugiro que o Carlão (declamador oficial da gangue) decore. Que empreste aquela voz quase indecente às palavras que nunca saíram do pensamento da Andréia... rsrsrsrs

PS3: Depois da teoria sobre homens, Pokemons e Pokebolas (by Camilinha), nada me divertiu mais que a teoria da Coxinha (by Thátila)... rsrsrsrsrs. Vamos difundí-las!!!

PS dos PSs:
“Pior que eu já vi meu lado bom na UTI
Meu anjo do perdão foi bom mas tá fraco
Culpa dos imundo do espírito opaco” (Mano Brown).

É isso. Espíritos opacos, não esperem meu perdão. Tenho pouco a perdoar e reservo para as grandes causas. As grandes almas. Àqueles que, independente do que são, SÃO DE VERDADE.

“Entre o corte da espada e o perfume da rosa
Sem menção honrosa, sem massagem
A vida é loka nêgo
E nela eu tô de passagem” (O gênio – Brown – Vida Loka parte II)