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domingo, 29 de novembro de 2009

Céu da boca

Me perdoem. Não posso. Sou mais dele que minha. Achei que seria possível, mas não é. Não posso morar em outra boca, senão a dele.
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Eu seria capaz de desenhar sua boca. Agora, de olhos fechados. Com os meus lábios faria o contorno dos seus. Com todas as curvas e detalhes que me fazem entregar uma castidade que eu nem conhecia. Que era casta essa alma. Era metade sem você. Era pouco.

É que a sua boca sorri num convite. E a sua língua tem vida própria dentro de mim. Tem a autoridade da sua voz. Ela faz o que quer. E quando encontra a minha, tudo é silêncio. Elas se casam numa dança flamenca. Fazem amor com ímpetos de uma obscenidade que soa sobre-humana.

E o mundo sofre de uma superfluidade espontânea. O mundo corre em segundo plano. No primeiro, é o espetáculo da nossa entrega. São os fogos, as cenas, os atos. Nosso amor é cinema mudo. Censurado... e aqui, eu publico.
Aqui as palavras nascem fortes, robustas.

É que a sua boca rouba a minha voz.
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Fico mesmo sem voz. O raciocínio muda. O raciocínio mudo. Dificilmente consigo dizer. Às vezes, vem tudo de uma vez. Depois, o silêncio. Fico olhando seu rosto adormecendo ao meu lado. Fico tentando entender se existe alguma lógica. A disposição de cada um dos pêlos do seu cavanhaque, emoldurando os lábios mais altivos que já conheci. E que são meus. E que são lindos, até quando você ronca... rsrsrsrs

Me diz. Qualquer coisa. Só pra eu ouvir a sua voz (e estremecer). Mesmo ao telefone, é como sentir os teus braços envolvendo os meus. A tua boca no meu pescoço, num beijo doce, que termina com as marcas do teu cavanhaque em mim. Deixa o teu rastro. Faz o teu caminho no meu corpo. Faz o que quiser, que eu também quero. Quero você.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Amanheceu?

Foram poucos minutos e tantas palavras. Certeiras. Ele, que quase não se vê no espelho, contou de mim. Disse que me conhece muito bem e que sabe que não demoro. Desconhece os meus motivos, mas sabe que volto logo. Que não sou esse tipo de mulher. Sou do tipo que dá medo – e sorriu. Eu sorri também. Da sua sinceridade e da nossa intimidade, construída sem muitos cuidados e muitas, muitas verdades. Disse ainda, que ele mesmo nunca teve medo. De mim ou por mim?

Tive que interromper a conversa - perigosa. Talvez porque eu mesma tenha experimentado esse pavor. Será que sofro de um amor intransigente? Crônico? Será que é a minha patologia genética? O que dizem os cromossomos, as estrelas, os jornais?

E será mesmo que volto logo? Como se chegasse finalmente aquele amanhã... aquele em que não reconheço mais os meus tremores de amor? Aquele em que acordo tonta, uma página em branco e outra emoção. Aquele dia em que, de tão pequena, a paixão cabe numa gaveta?

Ah, detesto gavetas. Abro os meus armários e deixo ventilar. O amor é brisa fresca. Sou alérgica a pó, amores medianos e erros de português (embora eu também os cometa... são lamentáveis).

Lamentáveis.
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PS: Ai, meus cromossomos ciganos e apaixonados... rsrsrsrsrs. Moço, obrigada pela conversa. Você, que me conhece de perto (e de longe), me fez rir do amargo na língua. Pena que nunca nos apaixonamos... rsrsrsrs. Teria sido, no mínimo, divertido.
Agora, prepare-se. Minha vez de segurar o espelho pra você.

PS2: Será que intransigência amorosa tem cura? Será que eu quero ser curada? Será que eu prefiro mesmo pegar minha bola e ir embora? Afinal, futebol é p/ homem (leia-se mulher, mulherão)... e o amor?

PS3: Sim. Sua boca na minha ainda é um pecado, mas... será que amanheceu?
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MÚSICA LINDA E ENGRAÇADINHA... rsrsrsrs

LENDA (na voz incrível da CÉU)
Composição: Alec Haiat / Céu / Graziella Moretto

E tome tento
Fique esperto
Hoje não tem papo
Jogo-lhe um quebrante
Num instante
Você vira sapo
Bobeou na crença
Príncipe volta
Ao seu posto
De lenda...(2x)

Seu nome
Ri na boca do sapo
Sua boca...(2x)

Já tá feito
Tá mandado
O seu trono tá plantado
Fica acerca de mim
Seu nome
Na boca do sapo
Sua boca na minha
O resto é boi dormindo
Em história errada
De carochinha

E tome tento
Fique esperto
Hoje não tem papo
Jogo-lhe um quebrante
Num instante
Você vira sapo
Bobeou na crença
Príncipe volta
Ao seu posto
De lenda...

Seu nome
Ri na boca do sapo
Sua boca...(2x)

Já tá feito
Tá mandado
O seu trono tá plantado
Fica acerca de mim
Seu nome
Na boca do sapo
Sua boca na minha
O resto é boi dormindo
Em história errada
De carochinha

sábado, 21 de novembro de 2009

Sua Cafuza

Hoje a Dona Cafuza acordou mais cedo. Eu mesma talvez nem tenha acordado ainda. Então, deixo pra ela as palavras, as escolhas e os desejos.

Deixo que ela conte de nós. Deixo que ela cante com a Vanessa da Mata (Entre tantos outros/ Entre tantos séculos/Que sorte a nossa hein?/Entre tantas paixões/Esse encontro/Nós dois... esse amor).

Talvez eu devesse ir embora. Talvez, você pudesse deixar. Mas a questão é que ainda nem descobrimos os porquês. E tudo o que ainda falta. E os beijos, as confissões, as emoções.

Não importa o que dizem, o que querem, o que esperam. Eu prefiro você. Já que nos encontramos, vamos consumar. Consumir. Enlouquecer?

Você não tem tempo. Eu, não tenho vergonha.

Obrigada por vir. Obrigada por ficar. Um pouco mais. Um tanto mais em mim.
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PS: Nosso amor amadureceu. Agora já temos nossos próprios traumas, cuidados, sonhos e pesadelos. Já sabemos o que funciona, o que não funciona, o que pode e o que não pode ser. Já sabemos como é sentir falta, já sabemos como é a violência do beijo do reencontro. O silêncio, as loucuras e as provocações.
Já sabemos dos caminhos (impossíveis).

Comemoramos juntos os motivos que não existem. Comemoramos o encontro (o primeiro, os fortes, os pequenos, todos).

Eu, comemoro você. Obrigada pelo presente. É meu. Todo meu. Com suas verdades, manias e (pequenas) libertações...

Não se preocupe. Amanhã é outro dia. Amanhã, nem sei.

E como diria a Dona Vanessa da Mata: AINDA BEM... que você vive comigo... porque senão, como seria essa vida? Sei lá... sei lá...

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Se há dores tudo fica mais fácil
Seu rosto silencia e faz parar
As flores que me manda são fato
Do nosso cuidado e entrega
Meus beijos sem os seus não dariam
Os dias chegariam sem paixão
Meu corpo sem o seu uma parte
Seria o acaso e não sorte
Nesse mundo de tantos anos
Entre tantos séculos
Que sorte a nossa hein?
Entre tantas paixões
Nosso encontro
Nós dois, esse amor.
Entre tantos outros
Entre tantos séculos
Que sorte a nossa hein?
Entre tantas paixões
Esse encontro
Nós dois, esse amor

sábado, 7 de novembro de 2009

Sem antídoto

Saia correndo. Corra. Suma. Cresça. Eu, corro na minha própria direção.

Vá logo. Nem pense. Porque se ficar, ficam as dúvidas que não merecemos.

Se ficar, serão as nossas gargalhadas e os nossos desejos sem hora. E eu sei. Sei que não adianta alcançá-lo agora. Sei que não adianta se essa felicidade dá medo.

Se o medo ainda é capaz de decidir, se ainda é mais importante experimentar os erros que descobrir o amor, então corra.

E correremos os dois. De nós mesmos e do tempo em que, distraídos, fomos deliciosamente felizes.
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TEOREMA
(Legião Urbana)
Composição: Renato Russo

Não vá embora
Fique um pouco mais
Ninguém sabe fazer
O que você me faz
É EXAGERO
E PODE ATÉ NÃO SER
O que você consegue
Ninguém sabe fazer.

Parece energia mas é só distorção
E NÃO SABEMOS SE ISSO É PROBLEMA
OU SE É A SOLUÇÃO
Não tenha medo
Não preste atenção
Não dê conselhos
Não peça permissão
É só você quem deve decidir o que fazer
Pra tentar ser feliz

Parece energia mas é só distorção
E parece que sempre termina
Mas não tem fim

Não vá embora
Fique um pouco mais
Ninguém sabe fazer
O que você me faz
É exagero
E pode até não ser
O que você consegue
Ninguém sabe fazer
Parece um teorema sem ter demonstração
E PARECE QUE SEMPRE TERMINA
MAS NÃO TEM FIM.
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PS: Problema ou solução?
Meu lema, meu teorema, meu corolário... demonstração exaltada de amor. E o que é que a matemática tem com o amor? Lógico. E quem precisa de provas? Dona Cafuza precisa é de férias. Com direito a bons livros, bons discos, bons amigos e Sol. Muito Sol.

É exagero e pode até não ser. Deve ser, sim. Exagero é o meu sobrenome. Ainda mais agora, que sou a essência (perigosa) de mim mesma. Sem antídoto... vamos ver no que dá. Vamos? Não, EU vou.

Até a volta...

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Enxoval de emoções

Hoje eu me senti a fulana mais egoísta do mundo. Enquanto conversávamos, derramando na mesa amenidades e sorrisos rasos, você num canto... quietinha, encolhida em si mesma como se morasse dentro do próprio útero, vendo de perto o seu bebê crescer. Ah, querida... aqui fora, a verdade também tem que crescer. Quando seu filho abrir os olhos, que seja um mundo melhor.

Um mundo onde as pessoas são o que são. Sem medo de preferir a verdade e as suas complicações. Dói sim. E ainda assim, é possível. É passível de felicidade e comoção. É pra poucos. Viver, além de existir... que é preciso coragem, braço forte e olho no olho. Às vezes, precisamos desligar o computador. Precisamos sair de mãos dadas pela calçada. Precisamos saber quem somos e quem são eles, além do que dizem os seus nicks, fotos, comunidades e blogs por aí. Não queira que seu filho conheça a história do pai pelo que contam no orkut.

Eu sinto falta da sua gargalhada. Hoje, fiquei como boba tentando te fazer sorrir, quando precisava de muito mais que isso. Precisava falar. Precisava chorar, ouvir, sonhar. Sem dowloads. Sem emotions.

Seu corpo mudando, os quatro meses de gestação e os mais de trinta anos de emoções que só você sabe... que nem cabem mais nesse cantinho que adotou como casulo seguro e quente.

Você é mesmo um mulherão e logo mais será uma mãe incrível. Então, sai logo daí e vem passear pela vida. Vem preparar com as próprias mãos o mundo que vai receber o teu filho.

Já viu a lua dessa noite? Já viu o céu?

São seus.
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O Renato Russo fez essa música p/ a Cássia, quando ela estava grávida do Chicão. Poucos homens teriam escrito tão bem a alma feminina:

1º de Julho

Eu vejo que aprendi
O quanto te ensinei
E é nos teus braços que ele vai saber
Não há por que voltar
Não penso em te seguir
Não quero mais a tua insensatez
O que fazes sem pensar aprendeste do olhar
E das palavras que guardei pra ti

Não penso em me vingar
Não sou assim
A tua insegurança era por mim
Não basta o compromisso,
Vale mais o coração
Já que não me entendes, não me julgues
Não me tentes

O que sabes fazer agora
Veio tudo de nossas horas
Eu não minto, eu não sou assim
Ninguém sabia e ninguém viu
Que eu estava a teu lado então
Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher
Minha mãe e minha filha,
Minha irmã, minha menina
Mas sou minha, só minha e não de quem quiser
Sou Deus, tua Deusa, meu amor

Alguma coisa aconteceu
Do ventre nasce um novo coração

Não penso em me vingar
Não sou assim
A tua insegurança era por mim
Não basta o compromisso
Vale mais o coração
Ninguém sabia e ninguém viu
Que eu estava ao teu lado então
Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher
Sou minha mãe e minha filha,
Minha irmã, minha menina
Mas sou minha, só minha e não de quem quiser
Sou Deus, tua deusa, meu amor
Baby, baby, baby, baby

O que fazes por sonhar
É o mundo que virá, pra ti.. para mim...
Vamos descobrir o mundo juntos, baby
Quero aprender com o teu pequeno grande coração
Meu amor, meu amor...
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PS: Linda... vem logo. Há muito por fazer e temos só mais cinco meses antes que o Pedro ou a Lara chegue... rsrsrsrs. Perdoe a minha demora. Estou aqui. De verdade (e sempre - e ainda preferindo TODAS as verdades).

PS2: Lelê. Essa barriga linda, crescendo do nosso lado e ao mesmo tempo tão longe... Culpa nossa. Sinal de que nós duas também precisamos desligar o computador e parar um pouco de falar dos excessos e da falta de amor. O verdadeiro amor está aí. Vc sabe melhor que eu que nada é mais importante que isso. É um milagre que exige cuidados. Exige presença. Não podemos garantir todas as presenças, eu sei. Mas, as três juntas... faremos um barulho bom... rsrsrsrsrs
Já que vcs são um casal, vou usar o mesmo PS. Kenny, também amo vc. E sua felicidade, ainda que nascente, também me inspira... Gangue das que adoram amar (e gangue das blogueiras também... rsrsrsrs).

PS3: Alê, querido e exclusivo... rsrsrs. Obrigada pelo comentário. Vc, que me conhece bem e há tanto tempo... sabe que não é nada fácil me amar. Ainda assim, agradeço também os parabéns que deixou p/ o dono do meu coração. Eu vivo dizendo p/ ele que ainda dá tempo de correr... rsrsrsrs. Mas tem que correr muito, pq se eu alcançar... ah, se eu alcançar... depois te conto... rsrsrsrs

PS da Toty: É tanto amor e tanta coincidência... 5 meses? Bodas de poesia (e inquietações)? Beijo, lindaaaaa!

domingo, 1 de novembro de 2009

Vinte e nove

Aos dez anos de idade, amei pela primeira vez. Aos dezesseis, quase morri de paixão e de saudade. Foi quando aprendi que não se guardam beijos e declarações para o dia seguinte. O dia seguinte só importa se realmente vier. E, quem garante? Alguém aí garante?

Com um medo danado de enterrar outro amor no cemitério, aos dezoito amei dois homens ao mesmo tempo. E entendi que assim, nada é inteiro. E se alguma coisa vem em dobro é a angústia. E a falta. Aos vinte, perdi os dois. Perdi um tanto de mim mesma também.

Mas, ganhei o mundo. Passei alguns anos experimentando amores inventados, regados à vaidade, à conveniência e a uma certa distração que me protegiam da verdade e da intensidade que insistia em gritar, escondida pelos cantos da alma. Pelos cantos da boca, eram beijos e palavras emprestadas em troca de alguma emoção. E a condição era que fossem passageiras. Eu e as emoções.

Mas, havia um homem que assistia a tudo isso e ria, um riso nervoso, de quem deseja o inacessível. Ele esteve ali durante quase dez anos, esperando o dia em que eu não soltaria a sua mão. E aos vinte e cinco, larguei tudo e fui com ele experimentar as dores de um amor exaltado.

Voltei crescida, adorada e ferida. Exatamente como deveria ser um amor de lições e libertações. Na volta, por algum tempo sofri de uma espécie de cegueira e até me apaixonei, com os olhos turvos e o coração dormente. Foi assim que aos vinte e sete, vivi minha paixão autista... Cheia de eufemismos, fantasmas e limitações.

Em quinze dias serão vinte e nove. E já que estou contando dos anos e dos ensaios de amor e de vida, conto os meses que são seus – e que sou sua. Cinco.

Cinco meses pra finalmente declarar (embora você já soubesse):

Meu amor... é você.
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PS: Adorei dizer: Amo você. No sotaque lá da gangue seria: Lhe amo. E é tão bom... rsrsrsrs. Difícil é não gostar de você. Difícil é sentir sua falta. Melhor deixar que esse amor tome conta das horas. Não tenho dias seguintes p/ te dar, mas as minhas horas, dos meus quase vinte e nove anos, são suas.

PS2: Outro PS porque é a minha verdade e merece: amo você.