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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Sete cordas atrás

Soube que me ama. Soube que percebeu. Agradeço. Não por me amar ainda, mas por ser capaz de. É que o conheço o suficiente pra saber o quanto isso estava fora dos teus planos. E o quanto é difícil pra você andar fora dos trilhos que defende a unhas e dentes – com a força das cordas do seu violão.

E que esse amor seja assim, uma rara exceção. Obrigada. Por ter entendido o que eu queria dizer. Por ter olhado além da minha pose de cigana. Por ter se apaixonado e não por sentir a minha falta, mas por desejar a minha presença. Ainda que não saiba o que faria com essa presença, que era tanta.

Mas, agora... Justo agora... Só posso mesmo agradecer e dizer que lamento. Por tanto tempo eu tentei descobrir uma forma de me acalmar. De esperar que estivesse pronto, quando eu mesma não estava.

Hoje eu vejo. Que juntos, descobrimos como não fazer. Como não precipitar o mundo. Por dentro e por fora. Na nossa alma, no nosso bairro, nas nossas canções.

Seja feliz. Aproveite que descobriu o amor. Preste atenção. Que nem sempre precisa doer. Nem sempre precisa ser póstumo.

Todos os dias pessoas especiais irão sorrir pra você. Com você. Esteja atento. De olhos abertos e coração desperto. Saia de dentro desse quarto. O barulho aqui fora... é a vida.

E da próxima vez que amar uma mulher, beije-a verdadeiramente. Cante. Ande de mãos dadas. Convide-a pra jantar você. Seja homem. Se ainda assim ela for embora, vá buscar. Não mande recados. Não seja covarde.

Ah, menino, por favor! Seja feliz.
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JUSTO AGORA
(Adriana Calcanhoto)

Eu ouvi dizer
que você assim
como quem não quer nada
perguntou por mim

Agora
Logo agora
Justo agora

Eu ouvi você
me dizer que sim
mas era silêncio o que se ouvia
quando dei por mim

Agora
Logo agora
Justo agora

Eu ouvi você
me dizer que sim
mas era silêncio o que havia
quando dei por mim

Agora
Logo agora
Justo agora

Eu ouvi dizer
que você assim
como quem não quer nada
perguntou por mim
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PS: Nunca pensei que seria assim. Tanto tempo depois e dessa forma. Logo agora – justo agora! Agora não posso, que sou dele. Sou toda dele.
E nós dois... nem nos despedimos. Nem nos esgotamos daquele amor. Que pena. Me perdoe, mas isso foi em outra página. Em outro fascículo. Em outra vida.

PS do Ricardinho: Cajuzinho lindo da mamãe!!! rsrsrsrsrs. É verdade. Faltou o agradecimento especial: pra você. Obrigada por ter insistido p/ eu ir com vocês pro sítio naquele final de semana. Obrigada por me apresentar o Mangifera. Obrigada por ter esperado tanto, mesmo sem querer. Era a hora certa. Embora até hoje nós dois não tenhamos descoberto ainda se existe mesmo a hora certa. E se existir, será que ela faz diferença? Obrigada, obrigada, obrigada!!! (é igual a "beijo, beijo,beijo"... rsrsrs)

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Desde o fim...

Amo você. De um jeito louco, de um jeito novo. De um jeito que me falta o jeito. E me sobra o beijo. Sem fôlego. Sem fim. Sem absolvição. E me sobram também os vestígios. Os sussurros. Os ouvidos de ter sem saber o que fazer com tanto e tanto de você. Os teus tons mais macios e a loucura de ser sua ainda que nua, ainda que sem alguma e nenhuma proteção. Minha tosse boba. Meu vacilo. Minhas palavras sem pai nem mãe. Meu soluço de ninfa nos teus braços de rei. Minhas lágrimas no teu peito. Fazendo gelar o nosso verão.

E eu, que sempre preferi o inverno. Que enchi meu repertório e meu guarda-roupa com roupas e canções de frio. Era frio aqui. E agora transpiro, respiro, reviro os meus segredos e os meus desejos – por você.

Perdoe a minha maneira torta de te amar. É que não sei. Não sei ser sua querendo tanto. Não sei ser de ninguém. E espero que espere. E espero que volte cheio de saudade e paciência.

E espero, que esteja sempre aqui . Que os dias seguintes sejam poucos pra me amar. Que fique sempre algo a me dizer -e algo a me beijar.

Amo tanto você que nem sei como dizer que vou sentir falta. Ainda que volte logo. Ainda que as nossas conversas não faltem. E ainda que me falte você. Em tanto, em tudo. Em tudo o que me falta tanto.

Falta você nos meus excessos, nos meus detalhes, sob o meu lençol.

Vem me dizer bom dia sem que precise ir embora. E, mesmo quando precisar, fique.

Meu amor... fique. Até que eu tenha coragem de dizer. Até que eu tenha... você.
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Há quem prefira com o Barão Vermelho. Eu, prefiro com a Angela Ro Ro. E prefiro você, sempre.

Amor, Meu Grande Amor
Composição: Angela Ro Ro e Ana Terra

Amor, meu grande amor
Não chegue na hora marcada
Assim como as canções
Como as paixões
E as palavras...
Me veja nos seus olhos
Na minha cara lavada
Me venha sem saber
Se sou fogo
Ou se sou água...

Amor, meu grande amor
Me chegue assim
Bem de repente
Sem nome ou sobrenome
Sem sentir
O que não sente...
Pois tudo o que ofereço
É, meu calor, meu endereço
A vida do teu filho
Desde o fim, até o começo...

Amor, meu grande amor
Só dure o tempo que mereça
E quando me quiser
Que seja de qualquer maneira...
Enquanto me tiver
Que eu seja
A última e a primeira
E quando eu te encontrar
Meu grande amor
Me reconheça...
Pois tudo que ofereço
É, meu calor, meu endereço
A vida do teu filho
Desde o fim até o começo...
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PS: Gih, Camilinha e Lelê... obrigada pelo carinho e pelas reflexões e observações de sempre. É tudo o que me faz melhor. Beijo, beijo, beijo!

PS2: Mangifera, são exatamente 7 meses de emoções que nem cabem em mim. Ainda bem que eu divido, publico e ressignifico. Amo mesmo você e essa é a minha maneira de dizer que já sinto falta até das nossas discussões. É quando percebo que você me conhece mesmo. E é quando te quero mais ainda... rsrsrs

PS3:Gabi... privilégio mesmo foi encontrar você e as suas palavras. Espero que a sua visita seja constante e intensa. Beijo!

sábado, 12 de dezembro de 2009

Camisa de força

Meu quarto tem cheiro de incenso e segredos. As palavras que não publiquei, os amores que inventei – e aqueles que ganhei sem merecer. As mentiras que protegi (e que me protegeram), os livros, as fotos, os restos. Os fantasmas e todas as minhas fantasias. Em roupas, em cifras, miçangas e cristais.

E ainda cabia você. No meio da minha bagunça e das minhas dúvidas. A minha maior dúvida. O meu amor – perturbado, exagerado, enfurecido... assustadoramente recíproco.

E é claro que eu perderia o controle. É claro que eu beijaria você até que os sonhos virassem desejo. Até que o mal fizesse, finalmente, bem.

Até que a sua presença me trouxesse mais inquietações que a sua ausência. Que afinal, tenho uma coleção de ausências. Catalogadas em espécie, natureza e conseqüências. Eu as conheço. Todas. Mas, não conheço você. Não conheço você em mim. Não conheço essa presença que cala o meu juízo e coloca todas as minhas emoções num ringue de luta livre. O meu corpo em festa, a alma em guerra e os olhos dentro dos seus.

Tensa, enlouquecida, extasiada... é assim que amo você.

Como sugeriu Vinicius de Morais: Pergunte ao seu orixá, o amor só é bom se doer.
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PS: Se fosse menos do que isso, eu teria ido embora. E você, nem teria vindo. Agora, aguenta. Aguenta? Tire férias, jogue os dados, tenha fé. Mas, volte antes que o céu mude de cor.

Experimente não ouvir a minha voz e eu experimento não dizer. Ainda assim, escrevo.

PS1: Eu tentei. Era pra ser leve. O texto e o amor... rsrsrsrsrsrs.
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E pra concluir o raciocínio e coroar minha loucura, vamos de ZECA BALEIRO:

Meu Amor, Meu Bem, Me Ame
Não vá prá Miami
Meu amor, meu bem me queira
Tô solto na buraqueira
Tô num buraco
Fraco como galinha d'angola...

Meu amor, meu amor manda
Não vá prá Luanda
Não vá prá Aruba
Se eu descer
Você suba aqui no meu pescoço
Faça dele seu almoço
Roa o osso e deixe a carne...

Meu amor, meu bem
Repare no meu cabelo
No meu terno engomado
No meu sapato
Eu sou um dragão de pêlo
Eu cuspo fogo
Não me esconda o jogo
Ou berro no ato...

Meu amor, meu bem me leve
De ultraleve
De avião, de caminhão
De zepelim...

Meu amor, meu bem, sacie, mate
Minha fome de vampiro
Senão eu piro
Viro Hare-Krishna
Hare Hare Hare
Não me desampare
Ou eu desespero...

Meu amor, meu bem me espere
Até que o motor pare
Até que marte nos separe...

Meu amor ele é demais
Nunca de menos
Ele não precisa
De camisa-de-vênus
Ouça o que eu vou dizer
Meu bem me ouça
O que ele precisa
É de uma camisa-de-força...

Você é a minha cura
Se é que alguém tem cura
Você quer que eu
Cometa uma loucura?
Se você me quer!
Cometa!...

domingo, 6 de dezembro de 2009

Mais do mesmo

Fiquei com aquela sensação de perda e violência. É um assalto. Vai, vai, vai!
Ninguém perguntou se eu queria ir. Ninguém anunciou aquele relâmpago de injustiça atropelando as nossas vidas e as nossas mais doces expectativas. Aquelas, de sábado à noite. As melhores. Eu ia encontrar você.

Fui, ainda mais despedaçada que de costume. Assustada. E você, que nunca fica o suficiente, foi ainda mais comedido em sua entrega. Onde aprendeu que é engraçado ameaçar tirar o doce da boca de uma criança? Você sabe. Ou é bom ou ruim. Não ameace. Deixe ou arranque logo esse doce. Em cima do muro você pode cair. E na queda, não terá tempo de escolher um dos lados.

Não sei. Ainda não sei. Se estamos no final do primeiro tempo ou do segundo. Se haverá um intervalo ou o fim do campeonato inteiro. Sei que eu mesma já não sou inteira. Fico esperando acordar e gostar menos de você. Fico colecionando motivos para rir desse amor. Até que um deles me convença. Até que um deles cure o meu desejo sem medida e a minha fome burra.

É fome de você. E há tempos seus beijos não matam a minha fome. Há tempos, somos menos do que gostaríamos. Bem menos.

Talvez seja a hora de mudar de time. Quem sabe, mudar o jogo.

Afinal, o que é preciso mudar? Quantas verdades são necessárias pra eu lembrar de onde vim e pra onde vou? Pra onde vou?

Sem você.
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PS: Não estava nos meus planos desejar que esse amor fosse menor. Aliás, não estava nos meus planos que fosse amor. Mas, da mesma maneira que veio, vai.

Vai ser feliz.

Não sei o que fez com as outras melhores coisas que aconteceram na sua vida. Não sei o que fez com as piores.

Mas sei tudo o que não fez. Tudo. E essa é a pior parte. Tudo o que não fez.

E eu estou nessa categoria: das melhores coisas que aconteceram na sua vida - e das mais negligenciadas também.

Então, faça alguma coisa, se quiser. Eu, não quero mais. Amor negligenciado dói mais que amor perdido... Quem diria que ser correspondida poderia ser tão ruim?

Vivendo e (des)aprendendo...

E lá vou eu, dizer os meus primeiros “nãos”, pra você. Logo você, que ouviu os meus melhores sins.

E o tempo? O que o tempo dirá?

PS da Toty: Querida... perfeito! Um brinde à verdade! Outro brinde, à ambiguidade do amor e da vida. Que afinal, p/ ressaltar as verdades é preciso que existam as mentiras. Beijo!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Avessa

Não existem pequenas mentiras. Ou é ou não é. Verdades são, por natureza, absolutas. São o que são. São o que somos.

E afinal, o que somos? Quem somos, senão as palavras e os tons que escolhemos?

Ah, que pena. Que pena que não te inspiro a verdade, por mais ingênua e inofensiva que ela seja. Por mais que ela seja, você.

Então, ou não mereço você, e as suas verdades... ou, você aprendeu que amar é mentir. E eu fugi dessa aula. Saí correndo com meu violão. Sentei numa praça e preferi a música ao amor.

Experimentei dizer a verdade e gostei. Cresci assim. Falta crescer um tanto, que guardei pra você. Com você. As verdades que preciso descobrir.

Vamos?

Ou então, esqueça. Empreste a sua noção de amor àquele casal que conhecemos e que nem são de verdade, um casal.

Não me confunda. Não me distraia de tudo o que já conheci. Paguei um preço pra estar aqui. E o Cazuza que me desculpe, mas... mentiras sinceras, definitivamente, não me interessam.

Já te avisei. Tenho um talento natural pra descobrir as verdades. As grandes e as pequenas. É uma espécie de maldição que me protege.

Se preferir viver assim, bata em outra porta. Aqui mesmo, no bairro, conheço outras mulheres que se apaixonam a medida em que as verdades faltam. Quanto menos, melhor.

Mas eu, quero mais. Quero sempre mais.

Se for assim, será igual aos outros. E eu, cada vez mais, avessa aos iguais.

Absolutamente, avessa.
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PS: Sim, eu sou mesmo esse exagero. E ninguém é obrigado. Existem opções. Sempre. Faça e assuma as suas. Senão, minha paixão é que é equívoca e desnecessária. Igual. Igual à todas as outras que nos cercam. E que plantam e colhem e vomitam mentiras.
Quero acordar no dia seguinte e sentir. Quero querer voltar. Você me fez olhar pra trás com a sensação de que tudo, finalmente, fez sentido.
Não me prive. Quero o sentido da verdade. Nada menos do que isso. Estou armada. Até os dentes. Mato sombras e dúvidas antes que elas cresçam.
E reis, são reis. Na paz e na guerra, reis, são reis.
Candidatos à bobo da corte passam reto por aqui. Eles têm medo. Se eu fosse outra... e se você fosse outro... Ah, na minha corte, não.