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terça-feira, 11 de novembro de 2014

Sete Saias

Eu poderia colocar a culpa nesse pernilongo, que me perturbou até acordar todos os meus pensamentos – incluindo os que têm a tua cor.

Também poderia atribuir a culpa à bebida. Especialmente aquela última dose, aquele último gole, que chegou quando já era previsto que transbordaríamos.

Outra que bateria no peito essa culpa, orgulhosa, é a minha Lebara, que enquanto eu luto por um pouco de censura ela ri, entregue ao furacão. Valoriza, sabe que a gira e o amor têm que ventar forte pra fazer rodar sua saia e a sua paz. Eu padecendo e ela dançando. Corajosa, tirando meu vestido, enquanto ela, já teria tirado duzentas saias, quiçá as sete de costume. Ciganando a cena e eu – cafuzada. Cafuzida.

Tanta culpa que poderia distribuir. Talvez o clima, a sobreposição dos astros, dos signos, das vidas, dos partidos, dos ímpetos de loucura, dos surtos de confidência, da tua boca em mim, das minhas pernas finalmente, abraçando a cadência dos teus quadris. Então, culpa dos nossos olhos, cheios de denúncia, cheios de segredos, velando o desejo e as premonições.

Mas, quer saber? Eu já sei. A culpa é minha.
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PS: Eu não pretendia mesmo guardar. Escrever e não publicar. Nem me preocupar. É poesia, é loucura. Se você continua procurando a posologia, contra-indicações, mensurações sobre efeitos colaterais ou a cura... melhor sair do blog e ler a bula de algum psicotrópico. E claro, nunca mais me beijar assim, tão completamente.

PS da série “desnecessários”: Da minha coleção de culpas prediletas, suculentas, fundamentais. Mas fica também essa escolha (tão minha quanto a culpa)... se tiro minhas sete saias pra vc, ou se peço, sete vezes, que saia.

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