Era inteiro dela. Até seus cromossomos pediam e esperavam por ela. Sabiam do cheiro, sabiam do beijo, sabiam que era alguma coisa além – muito além do arroz com feijão, desses amores cotidianos e amenos.
E a menos que fossem dois loucos, não se pertenceriam. A menos que fossem covardes, não jogariam pela janela aquele banquete de emoções experimentadas em cada sussurro, em cada sorriso disfarçado fazendo névoa, fazendo cócegas no ar.
Então, deixaram-se inundar de um amor que mataria os anêmicos. Que era preciso sangue quando se falta o fôlego. Era preciso hemoglobina e alma demais para querer-se tanto.
Mas, era aquela uma certeza profana. Porque, inundados de si, afogariam um outro. Alguém que boiava, perto demais dos dois. Boiando, mais indecente que inocente. Alguém que sobrevivia dos restos e dos rastros daquele amor.
E era mesmo uma tragédia, serem três onde só cabiam dois.
Ímpar.
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PS: Nesse caso, pior que três, só se ainda fossem quatro. Ainda bem que não. Não agora e não mais.
PS2: Pior que é um mulherão. Suficiente pra desempatar qualquer jogo e com larga vantagem. Mas às vezes, a gente se acostuma a comer só a sobremesa, achando mesmo que é o melhor da festa. E só depois sente falta do sal. Só depois percebe que queria mesmo era roer o osso, se lambuzar de purê, arroz e feijão.
Amiga, se não rolar, troca de restaurante. Um onde você possa comer tudo o que quiser. Mais saudável, mais forte, mais você.
Eu, que durante anos também me deliciei com a sobremesa, hoje me sinto uma fera alimentada à base de mocotó! Rsrsrsrs. Como é bom ser PAR. Ser paz.
Beijo enorme (o de sempre).