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domingo, 19 de julho de 2009

A gravidade

Ele chegou. Veio de longe. Com fome e o corpo cansado. Carrega o mundo nas mãos. Tem peito, tem fé. Mas a fé também cansa. E então ele me abraçou como se voltasse pra casa. Tive medo de sempre ter pertencido àquele homem, sem saber. Me fez mulher – de um jeito que talvez eu nunca tenha sido.

Logo eu, que sabia tudo. Das paixões e dos senões. Logo eu, de mochila nas costas e caneta na mão. Especialista em emoções descartáveis e amores inventados. Logo eu, tão segura em minhas confusões. Tão confortável no palco desse espetáculo, mantendo a pose de estrela diante de um público fiel (e estrategicamente) distante. Nos bastidores eu tirava a maquiagem e não deixava que ninguém ficasse muito tempo. Só o tempo suficiente pra não fazer falta, nem cócegas. Pra não doer. Pra manter em segredo os medos que aprendi. Pra manter guardado o caderno que esconde a minha coleção de elegias.

Mas ele chegou, e não cabia numa noite. Subiu no palco comigo e sua voz encheu meu coração de lembranças que ainda não vivi.

Trouxe beijos que não têm fim e olhares que descobrem as minhas verdades mais íntimas. Já sabe dos meus sorrisos e dos meus dissabores. Já sabe dos meus tons. Os doces, os graves, os amargos, os agudos.

Ele escolhe as palavras e eu escrevo. Ele escolhe os minutos e eu padeço de uma loucura doce – é preciso coragem pra deixar de ser só.

Dei a ele minhas horas, minhas relíquias, minhas canções preferidas e meus melhores beijos. Ele segurou minha mão. Me deu seus olhos, permitiu que eu fosse a primeira a visitar algumas de suas mais ricas emoções.

E se refez em nós uma espécie de virgindade. É um amor casto que vive em pecado - enfeitiçado.

Larguei a mochila. Não quero mais bagagem. Quero as mãos e o coração livres. A felicidade despenteia e não posso mais voltar.

E ele que não cabe em uma noite, se espalha em mim. Reluz.
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PS: Lembrei daquele garoto que no dia seguinte me perguntou qual era a “gravidade do nosso relacionamento”. Agora sei de uma paixão que é grave. Gravíssima. Não tenha pressa de ganhar a aposta, que eu não tenho pressa de perder. Não tenho certeza (nem dúvidas). Tenho você – e sou sua, cada vez mais fundo (...).

PS2: A paixão é mesmo a infância do amor. Então, vamos brincar?

PS3: Lelê e Camilinha: por aqui, a inspiração teve uma crise de fertilidade. No meu jardim, as mangas crescem mais bonitas que as flores... rsrsrsrs. A gangue é sempre bem-vinda no meu jardim e na minha vida. Obrigada pelo carinho, pela cumplicidade, por tudo, tudo, tudo.

PS da Toty: Essa semana você exagerou. Me deu de presente as palavras que significaram a nossa história. É mesmo um milagre. Um milagre que nasceu em terreno infecundo e transformou tudo ao seu redor. De tudo o que aprendi com você, o mais forte foi um tipo de amor que eu não tinha experimentado antes: o amor do perdão. O que invade quando se perdoa, e quando se é perdoado. Só agora eu percebo (e pratico). Lindaaaaaaa... obrigada é pouco. Amo você.

4 comentários:

Lelê disse...

Nossa Lelê...pensei, pensei, pensei e não tinha idéia do que escrever nesse comentário...a verdade é q vc me deixou sem palavras...q linda essa paixão toda...amo vc feliz...beijão

Tati disse...

Vc podia postar todo dia né??? Adoroooo²

Lelê disse...

Concordoooo totalmente...vc podia postar todo dia....

TOTYNIX disse...

Ai Alê... Se me contassem não areditaria. Se eu não sentisse, também não! Obrigada por td amore... Amo vc........(é uma alegria poder dizer isso) beijo