Faltava a metade da lua, mas sobravam sombras e dúvidas.
Na cerveja havia mel. A caneta vermelha enfeitava a mesa, mas cansava os olhos incitando um desejo que queria mesmo era dormir.
O amor, aquela piada velha que alguém lembrava depois da terceira dose. Quando eu, ria sem sorrir.
Que merda. Não era a hora de voltar e ainda assim, ele estava ali. Com um repertório duvidoso e o bolso cheio de interrogações. Queria casar. Queria me pegar no colo e fugir. Mas no peito eu só tinha guardado um ponto final. Só. Um perigo, que com mais dois – dois segundos, dois passos, dois pontos – virariam reticências.
Rebeldes e inoportunas reticências. Malditas sejam... tão cheias de vãos e talvez.
____________________________________________________________
PS: Se um ponto faz falta, imaginem dois.
PS do Bibo: Meu parceiro, meu cúmplice, meu amigo, meu orgulho. Leu o rascunho 5h da manhã e disse: eu captaria sem nenhum PS. Ah, tão bom ser captada assim. Dá gosto. Obrigada pelo carinho e respeito de sempre. Sempre.
Nada aqui tem a pretensão de fazer sentido. Nem mesmo temporal. É um espaço dedicado ao haver. Ao exagero. Às emoções. Vivas ou mortas.
(...)
domingo, 30 de junho de 2013
quarta-feira, 19 de junho de 2013
Língua
Não era saudade. Era desejo. Mais grave, mais fundo. Visceral. Aquela certeza que o peito dele era o melhor lugar pra descansar do mundo. E voltar. No vento, espalhando inspiração feito semente de flor.
Predileção precipitando um roteiro, um caminho, um sorriso. Bom-humor e péssimas intenções. Das péssimas, as melhores. Guardadas pra serem entregues com laço vermelho, cinta-liga e nenhuma maquiagem.
Sem espaço pra fantasias, que em todos os vãos ecoavam aquela absurda e simples verdade. Cada um com a sua cidade, seus planos, suas línguas, dúvidas e convicções. E um querer quase bobo de tão natural.
Que a distância nos proteja.
Amém.
_____________________________________________________________________________________
BANDEIRA
Zeca Baleiro
(...) Não quero medir
a altura do tombo
Nem passar agosto
esperando setembro
Se bem me lembro
O melhor futuro
Este hoje, escuro
O maior desejo da boca
é o beijo
Eu não quero ter o tejo
escorrendo das mãos
Quero a Guanabara
Quero o rio Nilo
Quero tudo ter
Estrela, flor, estilo
Tua língua em meu mamilo
água e sal (...)
______________________________________________________________________________________
PS Dele: Adorei o roteiro. E todas as nossas divagações.
PS Justificável: Brisas notívagas soprando a mais de 400km.
PS da Amandinha: Quase pronto. Nada como uma trip no final de semana p/ concluir... que faltam alguns pingos nos Is.
Predileção precipitando um roteiro, um caminho, um sorriso. Bom-humor e péssimas intenções. Das péssimas, as melhores. Guardadas pra serem entregues com laço vermelho, cinta-liga e nenhuma maquiagem.
Sem espaço pra fantasias, que em todos os vãos ecoavam aquela absurda e simples verdade. Cada um com a sua cidade, seus planos, suas línguas, dúvidas e convicções. E um querer quase bobo de tão natural.
Que a distância nos proteja.
Amém.
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BANDEIRA
Zeca Baleiro
(...) Não quero medir
a altura do tombo
Nem passar agosto
esperando setembro
Se bem me lembro
O melhor futuro
Este hoje, escuro
O maior desejo da boca
é o beijo
Eu não quero ter o tejo
escorrendo das mãos
Quero a Guanabara
Quero o rio Nilo
Quero tudo ter
Estrela, flor, estilo
Tua língua em meu mamilo
água e sal (...)
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PS Dele: Adorei o roteiro. E todas as nossas divagações.
PS Justificável: Brisas notívagas soprando a mais de 400km.
PS da Amandinha: Quase pronto. Nada como uma trip no final de semana p/ concluir... que faltam alguns pingos nos Is.
domingo, 9 de junho de 2013
Muralha
Para ela, amor era bicho estranho. Bicho que não podia entrar em casa e precisava caber no seu quintal.
Por vezes, experimentara dias sem abrir a porta, testando o apreço e a força do animal. Quando ele quase esquecia seu rosto e seu calor, aparecia sorrindo, com água, comida e um abraço. Fraco, fazia festa. Feliz, fazia amor.
Mas ela corria de súbito. Voltava à segurança dos azulejos que escolhera para enfeitar a rigidez das paredes da casa. Fechava a janela e o coração. Espiava escondida contando os segundos que dignificavam o sacrifício, a planejada negligência e ele ainda ali. Era mesmo amor?
Bicho estranho, louco, estupidamente forte. Quanto tempo resistiria? Quanto sobreviveria cercado no quintal da moça, vivendo de pão e expectativas?
Precisava de carne. Quase leão, quase louco, queria era mordê-la logo, abrir os portões e roubá-la pra si.
Que afinal, não era bicho de quintal. Era selvagem, cheio de músculos, cicatrizes e sorrisos. Caçava bem. Vivia bem. Mas, desde que a vira, decidiu que não precisava de tanto. Precisava dela.
Ela, temerosa. Que além dos portões, o perigo do imprevisível. Podia ser frio, podia chover, podia ser “não”. Não deixava o amor entrar em casa, mas também não o deixava partir.
Paciente, como os bichos que entendem de alma e desejo, o amor via o dia passar. À noite pensava em invadir a casa, surpreendê-la descalça, abrir-lhe as janelas e o sutiã.
Contido, não queria assustá-la. Queria inteira e lúcida aquela moça, linda de tanto receio, de tantas trancas e botões.
Concentrava-se em não desistir. Que o caminho mais fácil era pular logo aquele muro e correr, até que a lembrança dela perdesse a cor.
_______________________________________________________________________
PS esclarecedor: Eram duas laranjas: uma amava e a outra...
Também.
Leandro Henrique, adorei e adotei o conceito das laranjas já que elas estão em todo o lugar... rsrsrsrs.
PS dos protagonistas: Ninguém vai dizer o que fazer, nem porquê, nem quando. Se uma casa com quintal é pouco, talvez vocês precisem de um espaço maior. Aqui fora, esperamos ansiosamente. Venham respirar...
Por vezes, experimentara dias sem abrir a porta, testando o apreço e a força do animal. Quando ele quase esquecia seu rosto e seu calor, aparecia sorrindo, com água, comida e um abraço. Fraco, fazia festa. Feliz, fazia amor.
Mas ela corria de súbito. Voltava à segurança dos azulejos que escolhera para enfeitar a rigidez das paredes da casa. Fechava a janela e o coração. Espiava escondida contando os segundos que dignificavam o sacrifício, a planejada negligência e ele ainda ali. Era mesmo amor?
Bicho estranho, louco, estupidamente forte. Quanto tempo resistiria? Quanto sobreviveria cercado no quintal da moça, vivendo de pão e expectativas?
Precisava de carne. Quase leão, quase louco, queria era mordê-la logo, abrir os portões e roubá-la pra si.
Que afinal, não era bicho de quintal. Era selvagem, cheio de músculos, cicatrizes e sorrisos. Caçava bem. Vivia bem. Mas, desde que a vira, decidiu que não precisava de tanto. Precisava dela.
Ela, temerosa. Que além dos portões, o perigo do imprevisível. Podia ser frio, podia chover, podia ser “não”. Não deixava o amor entrar em casa, mas também não o deixava partir.
Paciente, como os bichos que entendem de alma e desejo, o amor via o dia passar. À noite pensava em invadir a casa, surpreendê-la descalça, abrir-lhe as janelas e o sutiã.
Contido, não queria assustá-la. Queria inteira e lúcida aquela moça, linda de tanto receio, de tantas trancas e botões.
Concentrava-se em não desistir. Que o caminho mais fácil era pular logo aquele muro e correr, até que a lembrança dela perdesse a cor.
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PS esclarecedor: Eram duas laranjas: uma amava e a outra...
Também.
Leandro Henrique, adorei e adotei o conceito das laranjas já que elas estão em todo o lugar... rsrsrsrs.
PS dos protagonistas: Ninguém vai dizer o que fazer, nem porquê, nem quando. Se uma casa com quintal é pouco, talvez vocês precisem de um espaço maior. Aqui fora, esperamos ansiosamente. Venham respirar...
terça-feira, 4 de junho de 2013
Fogo
Final de maio, mas o Rio era de Janeiro. No peito, fevereiro – quase março. Carnaval. Sem fantasia, sem hora. Um drink, um cigarro e a liberdade do vestido longo, solto. Leve.
Noite fresca de maresia e lua minguante, que na verdade, parecia crescer. Ele com frio e eu com calor. Só sabia meu nome, mas chegou tão perto que pensei em correr. Eu... tão bem que não queria intervenções. Dei-lhe as costas. Ainda assim, se aproximou até que eu sentisse na nuca e sopro das suas intenções - já decidido a me tomar. Apontou as milhares de estrelas que prenunciavam o Sol da manhã seguinte. Obedeci. Segui com os olhos a direção do céu. Na Terra, o lábio dele por um segundo tocou algum ponto entre minha pele e a minha alma.
Tarde ou cedo demais? Pedi licença, exercendo minha autonomia diante desses acasos do universo. Andei, andei, andei. Deixei a música entrar. O vento brincava com o meu vestido e experimentei aquele gosto bom... de ser a dona da minha história e das minhas verdades, tão caras.
Ruas e desencontros depois, eis que alguém chamou meu nome, no meio daquela multidão de pensamentos e pessoas. Era ele, que eu abracei sem pensar. Que era coisa de sentir e não de pensar. Era de viver.
Vivos. Nem nossos olhares se largaram mais. Em muitas horas e poucos dias, páginas inteiras de descobertas impublicáveis.
_____________________________________________________________________________
PS: Entre pseudo-príncipes, patos, cavalos e burros, há anos me encantei pelo Rato apaixonado do Palavra Cantada, sem contar a analogia que a Clarice Lispector lindamente desenhou na crônica “Perdoando Deus”, divagando sobre o amor e um rato.
Eis que me deparo com um Ratão que toca bateria, aponta as estrelas, fotografa com os olhos e não se conforma com os paulistas fazendo coro com os Racionais (“calor insuportável/28°”). Afinal, é um carioca de 40° e com 25° sente frio.
PS dele: Eu te abracei e disse: Quanto tempo! rsrsrsrsrs. É que além do Sol, as estrelas avisaram sobre o Fogo. Mas também vale uma menção ao seu Botafogo... E vale agradecer pela inspiração?
PS dos PSs: Pra quem não conhece:
Palavra Cantada – O Rato: http://www.youtube.com/watch?v=E-rXYoax60Me
Noite fresca de maresia e lua minguante, que na verdade, parecia crescer. Ele com frio e eu com calor. Só sabia meu nome, mas chegou tão perto que pensei em correr. Eu... tão bem que não queria intervenções. Dei-lhe as costas. Ainda assim, se aproximou até que eu sentisse na nuca e sopro das suas intenções - já decidido a me tomar. Apontou as milhares de estrelas que prenunciavam o Sol da manhã seguinte. Obedeci. Segui com os olhos a direção do céu. Na Terra, o lábio dele por um segundo tocou algum ponto entre minha pele e a minha alma.
Tarde ou cedo demais? Pedi licença, exercendo minha autonomia diante desses acasos do universo. Andei, andei, andei. Deixei a música entrar. O vento brincava com o meu vestido e experimentei aquele gosto bom... de ser a dona da minha história e das minhas verdades, tão caras.
Ruas e desencontros depois, eis que alguém chamou meu nome, no meio daquela multidão de pensamentos e pessoas. Era ele, que eu abracei sem pensar. Que era coisa de sentir e não de pensar. Era de viver.
Vivos. Nem nossos olhares se largaram mais. Em muitas horas e poucos dias, páginas inteiras de descobertas impublicáveis.
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PS: Entre pseudo-príncipes, patos, cavalos e burros, há anos me encantei pelo Rato apaixonado do Palavra Cantada, sem contar a analogia que a Clarice Lispector lindamente desenhou na crônica “Perdoando Deus”, divagando sobre o amor e um rato.
Eis que me deparo com um Ratão que toca bateria, aponta as estrelas, fotografa com os olhos e não se conforma com os paulistas fazendo coro com os Racionais (“calor insuportável/28°”). Afinal, é um carioca de 40° e com 25° sente frio.
PS dele: Eu te abracei e disse: Quanto tempo! rsrsrsrsrs. É que além do Sol, as estrelas avisaram sobre o Fogo. Mas também vale uma menção ao seu Botafogo... E vale agradecer pela inspiração?
PS dos PSs: Pra quem não conhece:
Palavra Cantada – O Rato: http://www.youtube.com/watch?v=E-rXYoax60Me
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