Selvagem demais pra ser humano. Indecentemente carnívoro. Felino, até no tom da voz. No topo da cadeia alimentar, olhou-me com fome. Com força. Como se anunciasse que tentar correr seria pior. Que ele não cansa. Que ele é mais forte. Que ele, simples e instintivamente, quer.
Se serei mesmo devorada, se terei o desenho das suas garras no meu corpo, se serei de fato o banquete – presa de chocolate, café com leite, cupuaçu...
Ah, antes preciso saber se sua boca é mais forte que a minha. Se seus dentes são mais mordazes que os meus. Se meu veneno não o fere, se uiva tão bem quanto beija. Se deseja, do inicio ao fim, assim... como quem respira, como quem mastiga. Dono de si mesmo, sem guardar a fome pro jantar.
Que eu... eu me lambuzo. Sou bagunceira. Sou cafuza com listras felídeas.
Sou nua, enxergo melhor no escuro. Gozo à luz da lua. Sou de anoitecer...
_______________________________________________________
PS: Lá vem confusão... Se é ela que move o mundo (e a poesia)! Ah, Felino. Quero tanto quanto você... Todos os outros beijos. Todo o perigo. Toda a transpiração fora de hora. Vamos quebrar telhados e padrões, acordar os vizinhos, e cair de pé...
Natureza danada. Culpa dela. E dos sorrisos... sete vidas pra devorá-lo.
PS2: Ratos: corram!!! rsrsrsrsrs
Nada aqui tem a pretensão de fazer sentido. Nem mesmo temporal. É um espaço dedicado ao haver. Ao exagero. Às emoções. Vivas ou mortas.
(...)
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
Cais
Poucas vezes tive tanta certeza de que era, finalmente, hora de ir... A vida exigindo uma resposta altiva. A minha vez de provar que todos esses anos no mundo cãoporativo não havia endurecido o meu coração. Toda a urgência da moral capitalista não havia feito de mim aquela chefe medíocre, hipócrita, com cara de quem comeu e não gostou.
Ah... eu não! Que comi e gostei. Fiz tudo o que acreditei. Tinha humanidade em todos os meus tons. Até nos mais graves. Principalmente nesses... que a criticidade escancara as verdades e oferece uma espécie coletiva de nudez. Era eu mesma, ué. Lado A, lado B e todas as músicas incidentais.
Minha hora. Hora de agradecer, também. Que hoje senti nos abraços, nas lágrimas, nos silêncios... senti tudo o significou. Senti que minhas meninas cresceram. Ah, cresceram tanto. Nem sabem o que me deram.
Significaram toda a minha carreira, todos os meus sacrifícios, dúvidas e responsabilidades, num dia. Numa tarde, pagaram dez anos da minha vida.
E nunca mais tiram de mim esse sorriso. Essa certeza de que valeu a pena experimentar. Confiar. Ah, confiança também é uma espécie de amor.
Fico aqui toda receosa, que não presenciarei os próximos passos. Mas, tropeçar é fundamental. Eu mesma, tropeço agora. Descanso um pouco. E vou levando mais essa saudade. Tão bonita!
_______________________________________________
PS: Ari, Brú, Jú, Gabi, Rafa, Rê... prazer imenso tê-las na minha vida. Paty, prazer imenso perdê-la de novo... que é isso que faz os nossos reencontros especiais. Agradeço ao Zé também, que me ensinou uma escolha corajosa: hoje, prefiro rir.
Monkey, não fica com ciúme. Também amo você... rsrsrs
Aprendi tanto, que aqui não caberia. Aqui, são só as minhas cafuzices.
PS do meu poeta vivo preferido: É que quando essa decisão começou a inquietar meu peito, eu não conseguia dormir. Nem falar, nem sorrir. Daí ele resolveu tudo. Me fez parar. Ouvir. E chorar:
Cais
Composição: Milton Nascimento/Ronaldo Bastos
Para quem quer se soltar invento o cais
Invento mais que a solidão me dá
Invento lua nova a clarear
Invento o amor e sei a dor de me lançar
Eu queria ser feliz
Invento o mar
Invento em mim o sonhador
Para quem quer me seguir eu quero mais
Tenho o caminho do que sempre quis
E um saveiro pronto pra partir
Invento o cais
E sei a vez de me lançar
Ah... eu não! Que comi e gostei. Fiz tudo o que acreditei. Tinha humanidade em todos os meus tons. Até nos mais graves. Principalmente nesses... que a criticidade escancara as verdades e oferece uma espécie coletiva de nudez. Era eu mesma, ué. Lado A, lado B e todas as músicas incidentais.
Minha hora. Hora de agradecer, também. Que hoje senti nos abraços, nas lágrimas, nos silêncios... senti tudo o significou. Senti que minhas meninas cresceram. Ah, cresceram tanto. Nem sabem o que me deram.
Significaram toda a minha carreira, todos os meus sacrifícios, dúvidas e responsabilidades, num dia. Numa tarde, pagaram dez anos da minha vida.
E nunca mais tiram de mim esse sorriso. Essa certeza de que valeu a pena experimentar. Confiar. Ah, confiança também é uma espécie de amor.
Fico aqui toda receosa, que não presenciarei os próximos passos. Mas, tropeçar é fundamental. Eu mesma, tropeço agora. Descanso um pouco. E vou levando mais essa saudade. Tão bonita!
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PS: Ari, Brú, Jú, Gabi, Rafa, Rê... prazer imenso tê-las na minha vida. Paty, prazer imenso perdê-la de novo... que é isso que faz os nossos reencontros especiais. Agradeço ao Zé também, que me ensinou uma escolha corajosa: hoje, prefiro rir.
Monkey, não fica com ciúme. Também amo você... rsrsrs
Aprendi tanto, que aqui não caberia. Aqui, são só as minhas cafuzices.
PS do meu poeta vivo preferido: É que quando essa decisão começou a inquietar meu peito, eu não conseguia dormir. Nem falar, nem sorrir. Daí ele resolveu tudo. Me fez parar. Ouvir. E chorar:
Cais
Composição: Milton Nascimento/Ronaldo Bastos
Para quem quer se soltar invento o cais
Invento mais que a solidão me dá
Invento lua nova a clarear
Invento o amor e sei a dor de me lançar
Eu queria ser feliz
Invento o mar
Invento em mim o sonhador
Para quem quer me seguir eu quero mais
Tenho o caminho do que sempre quis
E um saveiro pronto pra partir
Invento o cais
E sei a vez de me lançar
domingo, 6 de fevereiro de 2011
(EX)Porta-bandeira
De longe, eram o casal mais importante da escola. De perto, era muito longe. O samba ardia nós pés e nos sorrisos cansados. É que felicidade também cansa. Dói e acaba na avenida o sonho de um ano inteiro. Duas vidas inteiras. É que eram feitos daquele amor girando, suando, de pé. Ela mantinha a bandeira no alto, mas quando a saia rodava é que era emoção. Os olhos passavam por ele marcando o desejo de voltar. Ia... como gostava de Ir! Era como ventar. E voltava, para vê-lo devolver-lhe o equilíbrio com as mãos.
Então desfilavam, de mãos dadas. Faltava o fôlego e o coração exagerava, que também queria sambar. Com a ponta dos dedos, ele a dizia o que fazer... então giravam, sorriam – e perdiam-se... que sem as mãos, nada mais se davam.
E percebeu que o que mais gostava naquele mestre-sala era a maneira como guardava os olhos sob o chapéu. Mas, era o mesmo chapéu que garantia-lhe os dez centímetros de distância e sombreava as verdades e os ensaios de amor.
Rodando, lembrou-se que ele nunca fechava os olhos. E como é que seria capaz de sentir, se não os fechasse? Como é que seria capaz de vê-la?
Daí perdeu o passo, o jeito, a paz. Escapou-lhe a letra do samba-enredo. A bandeira estampava uma causa que nem era sua. Ficou tonta, mas girando viu tudo. Tudo! E na volta, já não alcançava as mãos dele. Nem as pontas dos dedos, nem o olhar. Tropeçando em si mesma, caiu.
Soube que naquele ano, além da cumplicidade, perderiam o carnaval. Perderiam o que nunca haviam tido. Perderiam-se...
O ensaio acabou. Desceu do salto e a bandeira descansava no chão. O mestre-sala beijou-lhe o rosto, como se a perdoasse por esperar que ele sempre estivesse ali, oferecendo-lhe as mãos. Ele a perdoava, enfim. Mas, ela já não era capaz de perdoar-se. Dançando com ele, algumas vezes, teria mesmo que cair. Distraído debaixo do chapéu, não percebeu que ela jamais voltaria.
Quem sabe em outra escola – outra fantasia...
Foi experimentar quem seria sem a bandeira, os holofotes e a bateria. Foi sambar a vida, sem idéias geniais ou apurações.
Pisou no pé do diretor de harmonia e sorriu. Quis mesmo machucá-lo. Quis provocar no mundo alguma dor que fosse... humana. Sorriu mais. Sorriu sempre. Descompassada, desafinada. E feliz.
_______________________________________________________________
PS: Aviso aos navegantes: Talvez, as redes sociais sejam o álibi perfeito para a hipocrisia. A fantasia perfeita para as relações. A absolvição àqueles incapazes de olhar nos olhos, incapazes de lidar com as verdades (suas e alheias). Eu... não acredito que um scrap substitua um abraço. Não suporto ser marcada em fotos por amigos que não me veem há anos. Não mando recados maquiados em nicks. Não consigo “curtir” nada num click. Nem meço o meu coração (e o dos outros) num “emotion”.
Ah... me mandem cartas. Venham fazer parte da minha vida. Venham me mostrar algo que mereça a minha atenção. E emoção.
PS2: Ah, tenho me divertido (e me emocionado) com a literatura do Fábio Roberto. Eu, que já era sua fã, agora tenho o privilégio de mordiscar quase que diariamente suas loucuras:
"Uma mulher é realmente importante para você quando não te faz falta. Faz pênalti."
Fá, genial!!! http://faroberto.blogspot.com/
Então desfilavam, de mãos dadas. Faltava o fôlego e o coração exagerava, que também queria sambar. Com a ponta dos dedos, ele a dizia o que fazer... então giravam, sorriam – e perdiam-se... que sem as mãos, nada mais se davam.
E percebeu que o que mais gostava naquele mestre-sala era a maneira como guardava os olhos sob o chapéu. Mas, era o mesmo chapéu que garantia-lhe os dez centímetros de distância e sombreava as verdades e os ensaios de amor.
Rodando, lembrou-se que ele nunca fechava os olhos. E como é que seria capaz de sentir, se não os fechasse? Como é que seria capaz de vê-la?
Daí perdeu o passo, o jeito, a paz. Escapou-lhe a letra do samba-enredo. A bandeira estampava uma causa que nem era sua. Ficou tonta, mas girando viu tudo. Tudo! E na volta, já não alcançava as mãos dele. Nem as pontas dos dedos, nem o olhar. Tropeçando em si mesma, caiu.
Soube que naquele ano, além da cumplicidade, perderiam o carnaval. Perderiam o que nunca haviam tido. Perderiam-se...
O ensaio acabou. Desceu do salto e a bandeira descansava no chão. O mestre-sala beijou-lhe o rosto, como se a perdoasse por esperar que ele sempre estivesse ali, oferecendo-lhe as mãos. Ele a perdoava, enfim. Mas, ela já não era capaz de perdoar-se. Dançando com ele, algumas vezes, teria mesmo que cair. Distraído debaixo do chapéu, não percebeu que ela jamais voltaria.
Quem sabe em outra escola – outra fantasia...
Foi experimentar quem seria sem a bandeira, os holofotes e a bateria. Foi sambar a vida, sem idéias geniais ou apurações.
Pisou no pé do diretor de harmonia e sorriu. Quis mesmo machucá-lo. Quis provocar no mundo alguma dor que fosse... humana. Sorriu mais. Sorriu sempre. Descompassada, desafinada. E feliz.
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PS: Aviso aos navegantes: Talvez, as redes sociais sejam o álibi perfeito para a hipocrisia. A fantasia perfeita para as relações. A absolvição àqueles incapazes de olhar nos olhos, incapazes de lidar com as verdades (suas e alheias). Eu... não acredito que um scrap substitua um abraço. Não suporto ser marcada em fotos por amigos que não me veem há anos. Não mando recados maquiados em nicks. Não consigo “curtir” nada num click. Nem meço o meu coração (e o dos outros) num “emotion”.
Ah... me mandem cartas. Venham fazer parte da minha vida. Venham me mostrar algo que mereça a minha atenção. E emoção.
PS2: Ah, tenho me divertido (e me emocionado) com a literatura do Fábio Roberto. Eu, que já era sua fã, agora tenho o privilégio de mordiscar quase que diariamente suas loucuras:
"Uma mulher é realmente importante para você quando não te faz falta. Faz pênalti."
Fá, genial!!! http://faroberto.blogspot.com/
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