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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Cais

Poucas vezes tive tanta certeza de que era, finalmente, hora de ir... A vida exigindo uma resposta altiva. A minha vez de provar que todos esses anos no mundo cãoporativo não havia endurecido o meu coração. Toda a urgência da moral capitalista não havia feito de mim aquela chefe medíocre, hipócrita, com cara de quem comeu e não gostou.

Ah... eu não! Que comi e gostei. Fiz tudo o que acreditei. Tinha humanidade em todos os meus tons. Até nos mais graves. Principalmente nesses... que a criticidade escancara as verdades e oferece uma espécie coletiva de nudez. Era eu mesma, ué. Lado A, lado B e todas as músicas incidentais.

Minha hora. Hora de agradecer, também. Que hoje senti nos abraços, nas lágrimas, nos silêncios... senti tudo o significou. Senti que minhas meninas cresceram. Ah, cresceram tanto. Nem sabem o que me deram.

Significaram toda a minha carreira, todos os meus sacrifícios, dúvidas e responsabilidades, num dia. Numa tarde, pagaram dez anos da minha vida.

E nunca mais tiram de mim esse sorriso. Essa certeza de que valeu a pena experimentar. Confiar. Ah, confiança também é uma espécie de amor.

Fico aqui toda receosa, que não presenciarei os próximos passos. Mas, tropeçar é fundamental. Eu mesma, tropeço agora. Descanso um pouco. E vou levando mais essa saudade. Tão bonita!
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PS: Ari, Brú, Jú, Gabi, Rafa, Rê... prazer imenso tê-las na minha vida. Paty, prazer imenso perdê-la de novo... que é isso que faz os nossos reencontros especiais. Agradeço ao Zé também, que me ensinou uma escolha corajosa: hoje, prefiro rir.
Monkey, não fica com ciúme. Também amo você... rsrsrs
Aprendi tanto, que aqui não caberia. Aqui, são só as minhas cafuzices.

PS do meu poeta vivo preferido: É que quando essa decisão começou a inquietar meu peito, eu não conseguia dormir. Nem falar, nem sorrir. Daí ele resolveu tudo. Me fez parar. Ouvir. E chorar:

Cais
Composição: Milton Nascimento/Ronaldo Bastos

Para quem quer se soltar invento o cais
Invento mais que a solidão me dá
Invento lua nova a clarear
Invento o amor e sei a dor de me lançar
Eu queria ser feliz
Invento o mar
Invento em mim o sonhador
Para quem quer me seguir eu quero mais
Tenho o caminho do que sempre quis
E um saveiro pronto pra partir
Invento o cais
E sei a vez de me lançar

2 comentários:

Cåm¡£¡ñhå disse...

É gênia!
As vezes quando a gente perde algumas coisas, acabamos ganhando outras.
E tenho certeza, que nesta etapa que você viveu ai, aprendeu, cresceu, caiu e superou, no final tudo foi válido. A experiência, os amigos. Nada foi em vão!
Mais como a nossa vida não para, que venham novos planos, novas metas! E vida nova!

Acho que pra você foi melhor assim. Talvez ali, ainda existia algo no seu passado que te prendia, algo forte o suficiente que agora não mais vai te acompanhar todas as manhãs.

Boa sorte!
Beijos

Alê Ferraz disse...

Gênia... é verdade. Você lembrou de um aspecto muito importante dessa mudança. Aquele fantasma sorria pra mim (e de mim) todos os dias... rsrsrs

Beijos!