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domingo, 4 de outubro de 2009

Cicatriz

De repente, se refez em mim a santidade de todas as paixões. Como se eu me apropriasse dos vestígios de amor que as pessoas largam por aí. No ar. Umas desistem, outras sucumbem, algumas consumam – e tantas enlouquecem.

Eu sofro de um amor que é simplesmente feliz. Fui buscá-lo num beijo e passei o resto da noite refém do teu cheiro. Refém. Era você na ponta da língua. Era você no meu sorriso bobo e nas minhas frases sem sentido algum.

Mas, isso foi outro dia. E os dias ardem. Atropelam minhas crises de juízo. Desafiam as alegorias das minhas reticências. Os dias... testam a minha fé e os meus desejos. Os rasos. Os vagos. Os que eu não entrego a você.

Talvez eu não consiga esperar. É um talvez quase certo. Certo como a sua ausência sutil. A sua falta presente. Com laço de fita e anel. Com despedidas sem encontro, sem nome. Sem confissão.

Eu confesso agora. Já não posso. Estou na reserva. Ou vou te buscar, ou vou me buscar.

Venha você. De bicicleta, de chinelo, de verdade.

Venha andando, pensando, sendo. Só não esqueça de vir. Não esqueça que pode ser como ganhar na loteria, mas também pode ser como ser assaltado à mão armada, com violência, numa rua deserta às quatro da manhã.

E tudo ainda pode ser.

Se não, esqueça. Logo. Como tirar um esparadrapo. De uma vez.
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PS: Três dias depois e resolvi publicar. Pra lembrar que arrancar o esparadrapo é melhor. Quem é louco de ficar puxando aos poucos, estendendo a dor e adiando o sacrifício? Eu não. Não deixo dores para o dia seguinte, que o dia seguinte nem existe.
E, se o dia seguinte vier, que seja livre. Que seja cheio de novidades e sensações. Sem resto de cola de esparadrapos antigos. Sem meias verdades. Sem amores medianos. Sem planilhas e gráficos mensurando o impossível.
Antes uma nova cicatriz que um velho meio amor.

PS2: Eita mundão... Lá vem mais um dos meus outubros marcantes. Aniversário das dores, das mortes, das coisas que não foram ditas e nunca mais serão. Mês oficial das elegias e cicatrizes.

PS da série "desnecessários"(sobre a origem da palavra Outubro):
Outubro - Octo - Oitavo mês do calendário Romano
A desinência "bro" que se segue nos quatro últimos meses do ano gregoriano vem do latim "brus" e significa "meses da solidão" pois coincidem com o Outono europeu e nesta época já principiava o frio e as pessoas se recolhiam mais às suas casas.

PS final: Aff... rsrsrsrs

6 comentários:

Anônimo disse...

A MAIS BONITA “PRIMEIRO SUA IRMÃ, Claro.................”

Refém???? De um amor impossível ou de um amor ainda não fortalecido????
Mas, isso foi outro dia.
E os dias ardem. Atropelam suas crises de juízo.
Será que a CARAVANA PASSA????
A FILA ANDA?????
Talvez?
Pergunta difícil de ser respondida, mas será que já não podes?
Será que ainda resta uma esperança de se chegar andando, de bicicleta, só?
Ou será que esta esperança já se foi pelo ralo????
Será que ainda tudo pode ser?????
Será que VOCÊ ainda pode ser????
Tchan! Tchan! Tchan!
A PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR
Será que as mudanças não são precisas, necessárias???
As atitudes não são essenciais???
Quantas interrogações.
Extremos confusos, não?
Sorte de se ganhar um grande premio na loteria (ai que bom!!!!!!), ou ser assaltado a mão armada, em qualquer hora do dia, em qualquer local de uma metrópole qualquer.
Qual das duas opções é a mais viável??? Quais as chances???
Ainda te entendo e te defendo.
OBS: Quando sua irmã ler isso, corro um sério risco de tomar uma surra.
AI MEU DEUS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Então segue:

Não, solidão, hoje não quero me retocar
Nesse salão de tristeza onde as outras penteiam mágoas
Deixo que as águas invadam meu rosto
Gosto de me ver chorar
Finjo que estão me vendo
Eu preciso me mostrar
BONITA.

Os versos seguem, porém eu encerro.

Compromissos são compromissos, assuma a sua parte!!!

Bjos
JA (Cunha)

Faby disse...

Oi amor,

Em meio a muitas lágrimas e profunda tristeza, revivo minnha própria dor.
Gostaria de ser forte como vc, mas não posso.
Como já te disse, este é o texto mais lindo de todos, pena que as custas de sofrimentos que eu não lhe desejo.
Aconselhei, torci e lutei ao seu lado.
Agora, como sempre foi, estou aqui para ser seu apoio, só seu, pq meu mesmo.. não consigo ser!
Desabo, mas deixo algumas partes minhas para vc, p/ continuar...
Estou com vc... apenas sinta!

Te amo!

Faby

Gih disse...

"Arrancar o esparadrapo de uma soh vez"
parece algo que as vezes me canso de dizer, aconselhar e insistir.(Sendo assim taxada de insensivel e outras coisas mais)
Prolongar sofrimento eh simplesmente burrice, nada é para sempre, muito menos situações descepcionantes e sofrimentos.
Uma hora a gente cansa de esperar e segue em frente.
Ou derepente simplesmente cansa de procurar e deixa que o amor nos encontre.
Soh não podemos nunca nos cansar de amar.
O amor é o mais lindo dos sentimentos, seja ele por um amigo, familia, namorado, belisco...sei lah.
O que importa eh amar espero que vc ame sim muito e sempre, ateh que descontrolavelmente.
Mas que não esqueça nunca de amar a si propria,
( não que eu ache que vc tenha esquecido, te conheço e sei que vc jamais cometeria tal erro) mas soh assim será sempre feliz.
E eh o que vc merece
Te amoO hj e sempre.
bjO

Unknown disse...

Lindo texto, Alê! (sei, mas um contraste, os opostos, o antagônico...)
Com relação ao que lhe inspirou... sem comentários.
Bjs,

TOTYNIX disse...

Alê...qualquer palavra agora, será pouco. Simplesmente: IN-CRÍ-VEL! Parabéns linda! Amo!!!

Anônimo disse...

Sensível como sempre, vc continua sendo intensa nos seus amores e suas dores. Eles vem e elas vão.
Vãos? Sim. Ambos. Amores e Dores.