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segunda-feira, 1 de setembro de 2008

O Banquete das Deusas

Houve um tempo em que você esteve à frente de qualquer um dos meus planos. Era sua, pelo avesso. Como se alguém que não se pertence pudesse mesmo oferecer ao outro algo de bom. Frutas secas.

Uma coleção de enganos. Um relicário de desejos desencontrados e proibidos. Devota emocionada, cúmplice emprestando minha fé. Vendendo meus sonhos e você... pagando em suaves prestações. O dinheiro do táxi selando uma noite de amor. Quase masturbação a dois. Vaidades que se amavam.

Não me convide. Não me ofereça o que não tem. Olhe de novo. Olhe nos olhos. Falta alguma coisa na sua prateleira de especiarias. Estou cedendo o meu lugar, vazio.

Minha mesa é farta. Suculenta. Sente-se, se for o seu apurado paladar. Prepare a língua para as mais fortes emoções, que não tenho tempo pra menos. Meus sabores são marcantes, mas a excentricidade intoxica os mais fracos enquanto sensações amadurecem (e enlouquecem).

Seja breve na sua equívoca e vaidosa lamentação. Não insista. Ainda guardo a sobremesa. Levante-se, antes que não possa viver sem a menção do doce que sequer conheceu.

Esqueça que freqüentou o meu banquete. Beba um sal de frutas.

Se ainda sentir meu gosto na boca, se ainda o meu rosto sombrear as páginas manuscritas, tente uma oferenda à Iansã (deusa dos ventos e dos mortos). Se merecer, ela sopra pra longe o teu luto.

Eu, Dona Cafuza, senhora das minhas confusões, retiro o teu prato e me despeço num abraço de paz.
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PS1: Dadá, minha amiga especial e atemporal, eu não ia mesmo publicar... Mas publico, suplico, ressignifico. E obrigada por amparar meus anseios, minhas palavras, minhas inquietações. Pra você, beijo com cobertura de chocolate e ternura, com recheio surpresa, de poesia... Axé, Deusa Dadá.

Um comentário:

Unknown disse...

Adoorei ambas!!!
Mas a primeira... queria ser uma
mosca para ver a cara!!! rsss

Adorei também o PS1... é muito querida esta minha poetisa!!!

Parabéns Lelê, continue assim, brincando e comovendo com esta deliciosa sopa de letrinhas.

Beijos da amiga atemporal,
Dadá