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sábado, 9 de janeiro de 2016

Mordida

Confesso que queria agora derramar meus cabelos no teu peito. Sem creme pra pentear, que condicionador nenhum acalmaria meus fios. Meus tons. Confesso, que meu desejo é uma paz que nunca existiu. Que teu peito nunca foi lugar de descansar. Que tuas horas continuam tão longe, e tão longe das minhas. Nunca soube como é que se contam teus minutos. Nunca soube, se era a tua pressa estilhaçando meus segundos. Ou se era eu, sem hora, enlouquecendo o teu despertador.

E enquanto eu ria, você ia. Que era mesmo uma graça acordar flagrando teus planos – tão falíveis, mas tão legítimos. Você querendo morder as rédeas. Eu, querendo café. Os dois, embebidos na mesma fumaça, mas tão nevoados de si mesmos que dava dó. E nem doía. Era aquela predileção consciente... Era o combinado. Como quem conta os minutos embaixo d´água e flutua antes de desfalecer.

Mas hoje, ah, hoje. Eu queria. Rasgar nosso contrato. Rir de todas as concessões. Chorar pela clausura dos nossos sentidos. Te provar num beijo que nem só meu seio cabe na tua mão. Te lembrar dos braços, dos abraços e de todos os segredos sussurrados. Das nossas pernas. Da curva nas tuas costas, do cheiro da tua barba na ponta da minha língua.

Queria era morder logo teu juízo. Derrubar teu wi-fi, trocar tuas senhas. Esconder tuas roupas e a tua pressa.

Abraço todas as tuas causas e tuas guerras me emocionam, inspiram minhas próprias lutas. Mas, fica lindo quando descansa das bandeiras. Quando dança. Quando goza e sorri com o corpo inteiro. É quando quase vejo tua alma.

Confesso, nêgo. Me largaria no teu peito agora. Até, finalmente, confundir o samba do teu coração com o meu.
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PS: Sou dessas, que prefere esses “agoras” impossíveis. Sou dessas, que meia hora depois já nem queria tanto. Mas, absolutamente, sou dessas: essas que querem.

PSImprescindível: Sobre teus planos, que chamei de falíveis injustamente. Não são. Pelo contrário... no geral, são fantásticos, frutíferos, transformadores. É que de manhã, nem meu otimismo funciona. Pra garantir, por favor, me conta só depois das 15h.

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