Eu tinha na ponta da língua aquela calmaria que, só sente o gosto, quem fez a coisa certa na hora errada.
De horas erradas eram feitos meus relógios e meu horário de verão tinha mais estrelas que sol.
O sol era aquele cara chato, queimando minha pele, fazendo arder as confusões. Deixando o ar espesso, quase intragável. Quase impossível.
Impossível era ser eu, escorrendo tanta lua. Esperando os segredos da madrugada. Esperando que as sombras elucidassem alguma cor.
Daquelas cores que, só a noite. Só subindo as escadas, os músculos, os desejos.
Só ouvindo Toquinho. Só brincando de ser gente que se quer tanto, que não sabe como fazer.
Então, uma estrela murcha, a cuíca calada. Um hiato triste, tosco, órfão. Impublicável.
Amor rouco, desafinado. Bêbado e só.
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PS: Sabem quando no truco, você morre com o casal maior na mão? É isso.
PS Musical: Ah, tinha que haver um samba. Já dizia o poeta: um samba pra cada emoção...
"Se a Fila Andar"
(Composição linda do Toninho Geraes)
Não, eu não estou
Preparado pra te encontrar amor
Nos braços de outra pessoa
Só de pensar já me causa dor
Se o sonho acabar
Se a fila andar
Não vou aceitar facilmente
Tente me preservar
O que a gente não vê
O coração não sente
Vou te admirar
Se não for vulgar
E não se exibir por castigo
Pois corro perigo
Dos nossos amigos
Me virem chorar
(Não quero nem imaginar)
Se você chegar e me encontrar
No samba eu lhe peço um favor
Respeite o insano
Sagrado e profano
Que foi o nosso amor
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