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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Benfazejo

Tantas vezes morri em outubro e ele... ele nasceu. Despretensiosamente, me faz rir. Pretensiosamente, poetiza três a cada duas frases. No meio da conversa canta. Ele sabe que a música está por trás, por cima, por dentro de tudo.

Prometeu-me um bigode como o do Leminski. Mal sabe que aquela barba mal feita já me faz feliz. Não ousei contar, mas não gosto quando me chama de flor. Outro dia arriscou um “flower”, que me lembra power e soou melhor. Vai acertar o tom quando estiver mais perto. Quando reconhecer meu cheiro.

Interrompi a conversa de hoje bruscamente, antes que já não pudesse dormir. Mas, era tarde. Duas horas depois, inda estou aqui, desejando um vinho, um vinil do Luiz Melodia e a respiração dele na minha nuca. Nenhuma pressa e nenhuma roupa – ou alguma – apenas pra que ele vivesse o lampejo de me descobrir.

Menino bom, de fazer (o) bem. E eu aqui, desejando fazer mal. Aquele mal que se faz às virgens, aos caretas, aos celibatários.

De água na boca e alma tão malfazeja, arrisco uma heresia, o peito e uma cafuzice. Só pra descobrir se ele beija assim, como quem vive.
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PS: Minha avó sempre dizia sobre o mundão: “menina, cuidado com os malfazejos!”. Nesse caso, entre a neta e o moço, não sei o que ela diria... rsrsrsrsrs

PS2: Ele sabe. Não foi bem uma "heresia". Talvez uma curiosa provocação.

PS3: Queria dizer tudo em poucas linhas. Jamais serei capaz. Ainda bem. Que sempre fica um pouco, um muito, o outro dia. Essa pode ser a única ou a primeira cafuzice dele. Prazerosamente, nem sei. Sei que finalmente, NOVEMBRO.

PS da Bruna: Em outubro, dei tanto trabalho p/ Iansã que acho que ela nem dormiu... rsrsrsrs. Daí, Dona Bruna me deu de presente essa pérola da Marla, que acalmou o meu remorso de ser sempre TANTO:

"Entre um cigarro e uma fresta de desespero, eu escolho a palavra. Tenho raiva de dores que me calam fundo. Filha de Iansã dos Ventos, eu mudo a direção das chuvas se pretendo outro tempo ou momento. Meu corpo é cais e mar aberto. Meu coração é caos, céu encoberto. Minha mente, esse relâmpago de luz. A escolha é sempre extrema. Não me comovem tuas palavras tão amenas. Então que minha sede traga tempestades e que meus seios incitem teus maiores incêndios. Não gosto de superfícies ilesas, eu busco o de dentro. Posso transformar tristeza em raiva pra sentir mais força. Posso afogar minha doçura num rio de águas tão enjoativas. Mas sei reverenciar o mar que temo.
E quando eu te tiver nos braços, me escuta: você terá a realidade dos teus sonhos.
Não pretenda minha fúria, queira-me mansa. Não pretenda minha mansidão, queira-me intensa. Perceba quando eu digo um sim dentro de um não.
E quando eu te tiver nos braços, me escuta: só te restará a escolha entre a tempestade e o furacão."

Iansã dos ventos
Marla de Queiroz

Um comentário:

TOTYNIX disse...

Ah esse Outubro! Conheço bem e amo!
Amo Novembro também. Você sabe né?!
Quem sabe Outembro?! Ou Talvez Novubro? Bjo linda!