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segunda-feira, 19 de julho de 2010

(Des)Amores

Hoje, um coração partiu-se. A veia explodiu, quando contei a ele que sua amada ("aquela amada, mais amada pra valer" – como diria Vinicius), finalmente casaria-se. Com outro.

E não importa o que balbuciou, já que ouvi tudo o que não pudera dizer. Tudo. Que era triste, que era dor, que era injusto. Que era ainda... amor. Que é que o outro tinha, que a levaria ao altar? Se ele mesmo fizera todos os pedidos e usara todas as cores pra pintar o seu amor – e ela, cega? Era isso: o outro A tinha.

Ponto final socando as interrogações.
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Ontem, outro coração partiu-se todo, em migalhas. Que ela era tão menina, tão mais menina quando o viu. E foi-se toda, entregue àquele sorriso de homem que fingia uma conveniente timidez. E quando o primeiro beijo – na festa de aniversário dele – parecia inaugurar o amor (não qualquer um, que talvez fosse o amor de todos os amores)... é que parecia tanto. E a menina foi, convicta. Cansada de confundir-se à toa. Cansada de acordar sozinha experimentando novas confusões. Abriu os olhos e ele ainda estava lá. E sorria. Apresentou-lhe a família, os sinais, as pequenas manias. Teve medo de que tudo aquilo não coubesse em seu colo, mas... queria tanto. Queria mais.

Veio o terceiro dia. A promessa de intensificar a entrega e tomá-la em seus braços, em seus lábios. E bebê-la toda. A menina com seu vestido de boneca mal percebia a festa ao seu redor. Que dentro era incêndio. Era aquele calor da espera, da dúvida, o prenúncio de um gozo macio.

Então ele chegou. Com sua cara-de-pau e outra menina. Outra menina! E todos viram que nela – nossa menina, o incêndio foi-se afogando em necrume.

E a menina chorou, sem nenhuma lágrima. Que era seca, incrédula, cansada.

Era mais um ponto final, interrompendo a gestação de doces reticências.
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Havia outro coração. E esse era encharcado de lágrimas. Partiu-se também e os pedaços largados n'água, tomavam cada um a direção de um novo engano.

É que entre todos, aquele engano doía-lhe mais. Era uma dor ardida. Pontada de cólica sem sangue, sem ciclo, sem maternidade. Era a vergonha, o medo, a saudade. Um coquetel de emoções que não têm nome – nem esperança. Tudo o que queria era ser outra pessoa, em outro lugar. Mas estava ali. Testemunha declarada. Ele era feliz (o quanto era possível sê-lo) com aquela mulher que era tão... tão dele.

E ela, contorcia-se toda esperando encaracolar-se ensimesmada naquela confusão. Não o queria mais. Mas e se quisesse? Que pecado havia em querer ser Aquela, ao lado dele. Que olhava-a há tempos e sempre incomodou-lhe não saber como a danada estava sempre ao lado – exatamente – do que e de quem quisesse. Sem hora.

Era isso. Não queria ser Aquela (nem a sua e nem a outra). Queria era saber querer. Sem perder a medida. Sem perder-se.

Ponto final. Seguido de interrogações e exclamações pontiagudas. Ponto final.
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PS: Conto de outros três corações, enquanto o meu... recupera o fôlego. Ensaia, hesita, transforma. E rascunha outra história.

PS2: Corações, por favor... escolham a música.

4 comentários:

Cåm¡£¡ñhå disse...

Eu li o texto a um tempinho, e fiquei pensando no que dizer...
Porém ao mesmo tempo, a cada frase lida, veio uma cena na minha mente.

É, mais um coração partido, porém ainda em busca da verdadeira felicidade, talvez a uma que esta tão perto, que as vezes um "sorriso timído" nos faz esquecer.

Não penso mais duas vezes, não depois deste último final de semana. O último capítulo foi escrito sabádo, e ainda sobrou espaço...aquele que deixei pra me lembrar de que nem sempre precisamos ir até o fim! Não precisamos escrever até a última linha pra saber que o final está próximo (e ele estava).

Já passou...! O incêndio foi contido, mesmo quando tudo parecia perdido, não foi, não desta vez.

É depois do Damas de Paus, o (Des)Amores.

Cansei de buscar a felicidade, o sorriso mais sincero, e alguém tão tão amigo. Vou deixar a vida me mostrar está pessoa. Enquanto isso...vamos vivendo. Chegou a hora de começar uma nova história.

Obrigada, pro me emprestar as palavras, os sentimentos, e por tudo. Não sei definir hoje o que você tem representado na minha vida, no último ano, nos ultimos meses, sei de uma coisa, é especial demais. E traz sempre a "PAZ" quando se faz necessário.

Estou me cuidando, assim como sei que agora, existe alguém que cuida de ti de verdade. E isso é tão merecedor.

Beijos Gênia!

Obs: Quanto aos demais corações que foram partidos. Sei que em algum momento eles vão passar por uma "reforma". Torço por isso, e acredito também.

Amora Adaga disse...

♫ Bem Que Se Quis - Marisa Monte ♫

Bem que se quis
Depois de tudo
Ainda ser feliz
Mas já não há
Caminhos prá voltar
E o quê, que a vida fez
Da nossa vida?
O quê, que a gente
Não faz por amor?...

Mas tanto faz!
Já me esqueci
De te esquecer
Porque!
O teu desejo
É meu melhor prazer
E o meu destino
É querer sempre mais
A minha estrada corre
Pro seu mar...

Agora vem, prá perto vem
Vem depressa, vem sem fim
Dentro de mim
Que eu quero sentir
O teu corpo pesando
Sobre o meu
Vem meu amor, vem prá mim
Me abraça devagar
Me beija e me faz esquecer...

|...|

Alê Ferraz disse...

Tháti, minha querida tão querida!

Não podia ser melhor. A música, a escolha e as reticências.

Beijo!

Amora Adaga disse...

Li, re-li e concluir em meio a tantos no mêtro/ônibus...

O viver é tão doce e tão amargo. É como eu disse outro dia - É sentimento sentido, demais!!
Em meio a tantas palavras, tantos sentimentos e desentendimentos. Tento não me perder. Ser racional, fria, calculista e compreensiva com os corações.

E vejo como é triste saber que nem tudo podemos viver/sentir/desfrutar de tal forma que nos canse. Será que isso faz com que a vida seja Ingrata ou Egoísta? Afinal, só ela vive tudo em todos. Acredito que, eu apego-me a tantos detalhes [tão atentamente] ou talvez não tenha compreendido a dita direto.

Cômica ela, não é mesmo?

Sinto necessidade de tempo para transformação, para um maior contato/esclarecimentos. Há tantos questionamentos sobre vida/corações/religião entre tantas outras coisas.

... Não seria mais fácil escolher o que viver? Claro que, isso não significa que não tenhamos escolha, temos o poder de parar e acabar com tudo [mesmo que seja tão doído]. Porém, tentamos mais uma vez, investimos mais novamente... Afinal a vida não nos da fórmula da transformação.

Talvez seja eu a egoísta, em querer viver só as maravilhas, será errado desejar isso? Será que não há aprendizado em apenas boas vivências? Ou talvez sejamos tão burros que precisamos apanhar para evoluir? [!] :S


E cá estou eu, entre [Des]Amor ou Amor, quem sabe? Tentando, sacrificando o ego, querendo, amando e apanhando tanto que... Ai! **suspiro**

...


E sempre que houver pontos finais mal resolvidos, amores mal compreendidos... Lá no fundo haverá um único murmúrio:

- Bem que se quis...


Um beijo minha amada