Onze anos e oito dias sem você. Mudei tanto...
De lá pra cá, a vida veio numa avalanche de emoções. Mas a sua marca ficou, nas entrelinhas da minha personalidade, na gaveta que eu não gosto de mexer, mas está ali.
Ainda tenho um porta-retrato onde você sorri. Daí quase esqueço de chorar. Uma saudade que não acaba. Uma culpa, por tudo o que poderia ter sido, se...
Um “se” cheio de detalhes e negações. Mas eu só tinha 16 anos. Nem sabia dizer “sim”. E de repente, viúva-virgem com uma mala (sem alça) cheia de nãos. E haja poesia pra curar, ou pra tentar. Condenada à tua morte, em liberdade condicional.
Ah, meus outubros de tantos ais... De emoções funestas. De olhares misericordiosos e abraços sufocados de tanta compaixão... Como se não houvesse remédio. Como se eu pudesse também morrer em cada cigarro, em cada bebedeira, em cada minuto atrasada (e sufocada).
Continuo esperando o dia em que abraçar tua mãe não vai me emocionar. Não que eu renegue essa emoção. Mas é que os anos passam e a tua ausência não diminui. Só queria ser mais leve e experimentar. Apesar de tudo. Apesar de ter perdido você. Apesar de ter assistido a tua exumação. Apesar de continuar fugindo da tua carteira vazia na escola e da minha carteira de habilitação.
Meu androceu, me perdoe. Mas, cansei de ser triste. Cansei de esconder o pavor. Vou guardar o teu porta-retrato junto com a camiseta do Rush. Vou doar aquele livro que ainda tem teu cheiro.
Vou escrever o próximo capítulo sem mencionar você. Vou me apaixonar. Vou dar cambalhotas com a minha sobrinha e vê-la crescer.
Talvez, nossas páginas sejam as mais lindas e as mais densas. Mas, eu preciso voar...
Com todo amor e respeito que me cabem (ou melhor, transcendem),
Gineceu.
2 comentários:
Meu Deus...lindo...
beijoooooo
oi, vi seu blog pelo da toty que eu também gostei muito. gostei muito mesmo. escrever dá uma ajuda a lidar com as coisas né.
um abraço.
adelson
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