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sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Era

Não era saudade, nem raiva, nem vestígio do que não fizemos.

Era vazio. Era acordar com a casa cheia de souvenires que contavam minha história, mas cheia de entrelinhas e poeira dele. Menino danado, bom de fazer pó e nenhum sentido.

Nenhum sentido. Que era só eu que sentia, sempre. Esperando que ele entendesse dez anos em três segundos. Minha pressa fudendo tudo. Minha pressa, de ser eu mesma sem censura, finalmente. Finalmente.

Eis que, a porra toda foi o avesso. Foi dedo apontado na cara e na ferida. Foi um tal de “você não podia”, “você não devia”, “você não cabia”. Que é que eu podia dizer, se era ele amando o que eu era, sem respeitar o que fazia de mim, o que eu era.

Lamento, amor. Sou dessas que ama e desama. Sou dessas que constrói e desconstrói. Eu precisei ir lá no fundo, pra ver você.

No fundo. Onde não cabem os copos rasos, as meias verdades, as vaidades.

Bem fundo. Estreito, escuro, quente. Eu deveria ter visto, amor. Nem caberia mesmo, eu e você.
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PSdoLogoEu: Ele, copinho raso d’água. Com a boca seca, mas um medo da porra de molhar o saco.
Logo eu, tempestade dramática de Iansã.
Toda molhada e
sem saco...

PSFundamental: Era, mas não é mais.

PSDesnecessário: Logo eu. Logo, eu. Bem logo, eu. Bem mais – e não bem menos, eu.